segunda-feira, 10 de novembro de 2014

"O Homem das Cavernas de Carajás"

Boa tarde.
Conforme combinado em formação, já enviei para os e-mails do grupo o artigo "O Homem das Cavernas de Carajás" do pesquisador Marcos Magalhães, para conhecimento e estudo de todo o grupo. Enviei também, via mensageiro, o artigo impresso para todas as escolas que atendem a EJA.
Silvio Vilhena

Negacionismo do Holocausto

Artigo Café História
Negacionismo do Holocausto
Em artigo exclusivo para o Café História, o historiador Ricardo Figueiredo de Castro, professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IH/UFRJ), fala sobre um fenômeno político que aparentemente desafia a lógica e a racionalidade: a negação do holocausto.
Por Ricardo Figueiredo de Castro* 
Durante os anos 1930 e, especialmente, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o partido e o Estado nazistas empreenderam um processo de marginalização, perseguição e assassinato em massa de milhões de judeus alemães e europeus. 
Esse processo contou com importantes recursos ideológicos e materiais para a sua realização. Em termos ideológicos, os nazistas utilizaram-se de um nacionalismo que unia numa síntese mística o racismo e a eugenia, e definia que apenas os indivíduos de origem “ariana” poderiam integrar a comunidade alemã.
Assim, todos aqueles que não cumpriam esses requisitos raciais foram excluídos e perderam a cidadania alemã. Por outro lado, utilizaram-se de todos os recursos materiais do Estado alemão para realizar o objetivo de resolver definitivamente o “problema judaico”, ou seja, eliminar os judeus da Europa, tais como centenas de campos de concentração e de extermínio, milhares de membros da burocracia e agentes policiais e militares do Estado alemão e da famigerada SS (Schutzstaffel), ferrovias, trens, combustível, bem como grandes recursos financeiros.
Assim, os nazistas colocaram em funcionamento uma gigantesca máquina de explorar, triturar e descartar seres humanos, seja através da morte lenta por fome, doenças e exaustão física, seja através da execução sumária por fuzilamento ou asfixia nas câmaras de gás nos campos de concentração/extermínio.
O auge deste processo aconteceu no período entre 1942 e no final da guerra (1945), durante o qual o genocídio foi realizado em escala industrial e com eficiência logística impressionante. Não devemos nos esquecer também que milhares de judeus, prisioneiros de guerra etc. foram usados como escravos em fábricas e obras públicas na Alemanha, produzindo vultosos lucros aos dirigentes da SS e às grandes empresas alemães, muitas das quais existem até hoje.
Os historiadores, sociólogos e outros especialistas acadêmicos vem pesquisando exaustivamente esse processo e têm divergências em vários pontos, tais como o número exato de vítimas (na casa de milhões de pessoas) e quanto à natureza da decisão do início do processo, isto é, se ele foi intencional (“intencionalistas”) ou se estava inserido na própria dinâmica do regime (“funcionalistas”). No entanto, nenhum pesquisador discute se o Holocausto existiu ou não.
Apesar disso, desde poucos anos após a realização deste crime contra a humanidade, pessoas de diferentes nacionalidades vem se dedicando a resgatar a imagem de Hitler e da Alemanha nazista afirmando que o Holocausto não aconteceu e que este, na verdade, seria o produto de uma calúnia criada e disseminada pelos judeus que a usariam como estratégia para realizar seu objetivo de dominar o mundo.
O Negacionismo do Holocausto surgiu, portanto, logo após a Segunda Guerra Mundial, com os livros dos franceses Maurice Bardèche e de Paul Rassinier e do estadunidense Harry Elmer Barnes; e, a partir de 1978, ampliou sua audiência e passou a integrar o debate político tanto nos Estados Unidos quanto na França. Nos Estados Unidos foi então criado o Institute for Historical Review (IHR), uma instituição que, usando um nome que sugere ser uma respeitável instituição acadêmica de historiadores, se dedica sistematicamente a disseminar o ódio aos judeus (antissemitismo) e a teoria do complô judaico, através da negação do Holocausto. Ainda em 1978, na França, o professor de literatura Robert Faurisson passou a ocupar um cargo acadêmico na Universidade de Lyon 2 e então introduziu o tema do negacionismo no espaço universitário e na mídia francesa.
Assim, partir do final dos anos 1970, esse movimento político/ideológico ampliou-se para além de um pequeno círculo de leitores e simpatizantes do fascismo histórico. Nesse processo, confluíram vários fatores, tais como: a) uma crise econômica e social do capitalismo mundial; b) uma crise política e representativa dos partidos políticos tradicionais, tanto à direita quanto à esquerda; c) uma crise política das esquerdas tradicionais, ampliada pelo fim da URSS e do “socialismo real”; d) uma crise dos paradigmas da modernidade e da própria historiografia; e), sobretudo para o que nos interessa aqui, o surgimento de uma nova extrema-direita e o fortalecimento de um elemento ideológico tradicional no Ocidente, a teoria da conspiração (ou complô), como chave explicativa para se entender a sociedade, especialmente após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, ocorridos nos Estados Unidos. Além da confluência destes fatores surgiu então uma nova ferramenta de disseminação, coordenação e financiamento da extrema-direita e dos Negacionistas: a Internet.
O Negacionismo do Holocausto não é uma corrente historiográfica legítima que se dedique a pesquisar criticamente o Holocausto, mas sim um instrumento da ação ideológica de grupos políticos radicais, em sua grande maioria de extrema-direita. Concordamos, assim, com a já extensa historiografia que usa o termo “Negacionistas do Holocausto” para qualificar os autodenominados “Revisionistas do Holocausto”. Os ideólogos do Negacionismo do Holocausto negam ou minimizam os efeitos do Holocausto, e afirmam que o assassinato sistemático de milhões de judeus, ciganos, eslavos etc. é uma mentira criada e mantida pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial em estreita aliança com os judeus sionistas fundadores do Estado de Israel. O Negacionismo do Holocausto é, portanto, o outro lado da moeda do “complô judaico internacional” difundido desde o início do século XX pelo livro “O Protocolo dos Sábios de Sião”.
O complô judaico é, segundo Girardet (1987, p. 25-34), uma das três grandes narrativas do complô elaboradas entre o final do século XVIII e início do século XX, quando foi editado pela primeira vez o famigerado “Protocolo dos Sábios de Sião”. Esse livro, forjado pela polícia política do regime czarista, foi rapidamente incorporado como arma de propaganda antissoviética e antibolchevique nos anos 1920 e 1930. Os nacional-socialistas alemães transformam-no numa “prova irrefutável” de que os judeus são uma ameaça mundial ao mundo ocidental e a obra ainda hoje é reeditada em várias línguas e utilizada como uma espúria prova da existência de um suposto complô judaico internacional. Esse livro tornou-se, desde então, peça de propaganda do antissemitismo e, após a Segunda Guerra Mundial, também do antissionismo.
No Brasil, foi traduzido pelo ideólogo integralista Gustavo Barroso e editado nos anos 1930. No final do século XX, a Editora Revisão se dedicou a publicar no Brasil livros negacionistas e a fazer propaganda sistemática do assunto. Seu editor foi processado judicialmente e atualmente a editora não tem mais atividades legais em território brasileiro.
Alguns pesquisadores consideram que, a partir do final do século XX, as teorias conspiratórias (ou complôs) ganharam uma dimensão explicativa cada vez mais ampla, ou seja, os complôs passaram a explicar fenômenos de escala mundial, os chamados mega-complôs (TAGUIEFF, 2006) ou super-conspirações (BARKUN, 2003: 6). A crescente importância da cultura conspiracionista aumentou também a demanda por abordagens mistificadoras da história (pseudo-história) (2) que frequentemente estão a serviço de ideologias de extrema-direita (1).
Desse modo, a nova extrema-direita, a partir do final do século XX, atualiza essa perspectiva conspiracionista de sua visão de mundo ao articular sua filosofia da história maniqueísta com um típico exemplo de pseudo-história: o Negacionismo do Holocausto. O Negacionismo do Holocausto tornou-se um elemento fundamental para a manutenção das forças de atração que mantém unidos os diferentes grupos e famílias ideológicas da extrema-direita contemporânea e ajuda a definir sua identidade. (3)
Por mais que se publiquem artigos e livros que denunciam o caráter falso desse livro os crentes da conspiração judaica internacional se recusam a aceitar os argumentos listados pelos historiadores para denunciar a obra. Da mesma, e seguindo a lógica das teorias da conspiração, os defensores e seguidores do Negacionismo do Holocausto rejeitam qualquer análise proposta pelos historiadores profissionais, acusando-os, entre outras coisas, de estarem a serviço dos judeus. Certamente, isso se deve à lógica das teorias conspiratórias que têm quatro princípios básicos: “nada acontece por acidente”, “nada é o que parece”, “tudo está conectado” e “tudo o que acontece é o resultado de vontades ocultas e malignas” (BARKUN, 4 e TAGUIEFF, 57).
A forma como as teorias da conspiração entendem o mundo rejeita as análises críticas dos cientistas sociais (sociólogos, historiadores, cientistas políticos etc.), preferindo compreendê-lo como o palco da luta eterna entre as forças do bem contra as forças do mal. Os Negacionistas do Holocausto consideram-se, pois, soldados das forças do bem, denunciando o complô judaico para dominar o mundo que estaria sendo ocultado pela “grande mentira” (Holocausto) que, ao culpar os alemães do crime de genocídio etc., facilitaria a realização de seu próprio projeto (oculto) de dominação mundial.
A cultura conspiracionista está presente de forma arraigada na cultura de massas, através de diversos mitos urbanos, livros e filmes, tais como: o livro (2003) e o filme (2006) “O código da Vinci”, a série televisiva (1993 a 2002) e o filme (1998) “Arquivo X”, filmes como “Teoria da Conspiração” (Conspiracy Theory, 1997) e as teorias conspiratórias elaboradas para explicar o atentado ao World Trade Center etc. Essa disseminação certamente colabora para a utilização do conspiracionismo pela extrema-direita como uma estratégia de disseminação de sua mensagem política entre diferentes setores e classes sociais.
Concluindo, consideramos o Negacionismo do Holocausto é um tema que faz parte do horizonte político contemporâneo e certamente deve ser objeto da historiografia do Tempo Presente. Os historiadores comprometidos com uma historiografia atuante na defesa da democracia e dos direitos humanos não podem deixar de incorporar os temas da pseudo-história e das teorias conspiratórias às suas pesquisas e cursos.
Notas
(1) “(...) o conceito de ideologia pode ser usado para se referir às maneiras como o sentido (significado) serve, em circunstâncias particulares, para estabelecer e sustentar relações de poder que são sistematicamente assimétricas –- que eu chamarei de ´relações de dominação´. Ideologia, falando de uma maneira mais ampla, é sentido a serviço do poder.” THOMPSON, P. 16 
(2) Para uma discussão sobre a pseudo-história ver ALCHIN.
(3) Cf. Burris, Smith & Strahm (p. 221-222) para o caso estadunidense e CAMUS (p. 33) para o caso francês.
Bibliografia
ALLCHIN, Douglas. Pseudohistory as pseudoscience. Science & Education. 13: 179-195, 2004.
BARKUN, Michael. The culture of conspiracy: apocalyptic visions in contemporary America.  Berkeley: University of California Press, 2003.
BURRIS, Val, SMITH, Emery, STRAHM, Ann. “White supremacists networks on the Internet”. Sociological Focus, vol.  33, no 2, May 2000.
CAMUS, Jean-Yves. L´extrême droite aujourd´hui. Toulouse: Éditions Milan, 1996
GIRARDET, Raol. Mitos e mitologias políticas. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
TAGUIEFF, Pierre-André. L´imaginaire du complot mondial: aspects d´un mythe moderne. Mille et une nuits, 2006.
THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995.
Leituras Complementares
* Professor Adjunto de História Contemporânea no Instituto de História (IH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É filiado ao GT "Direitas, história e memória" e sou pesquisador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente (TEMPO) do IH/UFRJ. Tem experiência na área de História Social e Política, com ênfase em Brasil República, atuando principalmente nos seguintes temas: História política brasileira do século XX, com ênfase nas esquerdas brasileiras (comunistas, socialistas, trotskistas, principalmente). Trabalha também com a história política e cultural das direitas, com ênfase no Negacionismo do Holocausto e no Conspiracionismo (Conspiracy Theory).


terça-feira, 4 de novembro de 2014

Rotina-Novembro-História-3ª Etapa

PREFEITURA MUNICIPAL DE PARAUAPEBAS
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
PLANO DE TRABALHO MENSAL
NOVEMBRO/2014
ESC. MUL. DE ENS. FUND

COMPONENTE CURRICULAR
HISTÓRIA
PROFESSOR (A)

ETAPA/TURMA
3ª ETAPA


DATA
COMPETENCIAS / HABILIDADES

CONTEÚDO

METODOLOGIA

RECURSOS

AVALIAÇÃO

OBSERVAÇÕES




1ª Aula



2ª Aula



3ª Aula



- Compreender que a abolição no Brasil não foi uma atitude voluntária das autoridades locais;

- Avaliar cada lei criada “em prol” do fim da escravidão








- Abolição da escravidão no Brasil.


- Fazer um levantamento prévio do conhecimento dos alunos a cerca do conteúdo;
- Explanar como se deu, de forma lenta e gradual, o processo de abolição da escravidão no Brasil, as pressões estrangeiras e internas, as formas de resistência. Ressaltando que o país foi um dos últimos a aderir a abolição;




- Kit A Cor da Cultura;

- Vídeos e imagens;
- Slides, músicas e textos.

- Livro: Povos indígenas e afro-brasileiros;

- Livro: O negro no Brasil de hoje.







- Observação individual e participação.




- Os materiais de apoio como: slides, vídeos, imagens e textos foram entregues em formato digital, nas escolas, pelo coordenador técnico.


4ª Aula


- Projeto: “A EJA tem A Cor da Cultura”.


- Projeto: “A EJA tem A Cor da Cultura”.


- Desenvolver atividades relacionadas ao projeto.
- Sugestão: trabalhar os conceitos de raça, etnia, racismo, preconceito, discriminação.



- Material de apoio.

-- Kit A Cor da Cultura;




- Participação e aprendizagem.



5ª Aula



6ª Aula



7ª Aula



- Estabelecer uma relação entre a escravidão do passado e a atual;

- Avaliar a posição social, cultural e politica que os negros ocupam no Brasil de hoje;





- O negro no Brasil;


- Fazer uma retomada das aulas anteriores, enfatizando a questão da escravidão;

- Identificar se ainda existe escravidão no Brasil, em quais estados ela é mais praticada e se ocorre punições aos atuais “senhores de escravos”, exemplificando;

- Citar exemplos de homens e mulheres negros que são exemplos de vida e sucesso.
  

- Kit A Cor da Cultura;
- Textos de apoio e imagens.
- Slides, músicas e vídeos;
- Oralidade;
- Livro: Povos indígenas e afro-brasileiros;
- Livro: O negro no Brasil de hoje.







- Pesquisas;

- Atividade objetiva.


- Os materiais de apoio como: slides, vídeos, imagens e textos foram entregues em formato digital, nas escolas, pelo coordenador técnico.















- Os materiais de apoio como: slides, vídeos, imagens e textos foram entregues em formato digital, nas escolas, pelo coordenador técnico.




8ª Aula





- Projeto: “A EJA tem A Cor da Cultura”.



- Projeto: “A EJA tem A Cor da Cultura”.



- Desenvolver atividades relacionadas ao projeto.



- Material de apoio.

- Kit A Cor da Cultura;



- Participação e aprendizagem.







9ª Aula


10ª Aula





- Compreender o que determina essa lei e a sua importância;

- Analisar criticamente a aplicabilidade dessa lei.




- Lei 10.639/2003;



- Apresentar a lei na íntegra, em seguida fazer um levantamento de como os alunos estudaram essa temática durante suas vidas estudantis, fazendo uma analogia com a proposta atual;
- Mostrar que além da lei 10.639 existem outras ações afirmativas de combate ao racismo e ao preconceito racial.

- Kit A Cor da Cultura;

- Lei 10.639/2003, impressa na íntegra;

- Slides;

- Oralidade;





- Avaliação oral.



11ª Aula


12ª Aula

- Identificar e reconhecer que o Brasil é um país profundamente africanizado e que isto está impregnado no campo da politica, da religião, da arte, da música, da dança, da expressão linguística e do jeito de ser.



- Legado dos Negros: Patrimônios étnicos – cultural e artístico brasileiro.






- Conduzir os alunos a uma reflexão sobre a importância do Dia da Consciência Negra;
- Faça uma discussão a cerca dos últimos casos de racismo que tem sido mostrado pela mídia, e como a mídia tem tratado essa questão de forma geral;
- Propor aos alunos uma exposição referente as conquistas do negro nos dias atuais;


- Kit A Cor da Cultura;
- Textos de apoio;
- Imagens;
- Slides, músicas e vídeos;
- Livro paradidático: Povos indígenas e Afro-Brasileiros.



- Atividade subjetiva ou objetiva