quinta-feira, 13 de setembro de 2012
EQUIPE TEREZINHA DE JESUS
Equipe Terezinha de Jesus recebendo os certificados de participação na 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Parabéns a equipe Terezinha de Jesus pela participação na 4ª Olimpíadas Nacional em História do Brasil!
Parabéns a equipe Terezinha de Jesus pela participação na 4ª Olimpíadas Nacional em História do Brasil!
A equipe Terezinha de Jesus chegou até a terceira fase das olimpíadas, servindo como exemplo à toda rede de educação de Parauapebas. O grupo participou efetivamente das soluções das questões e dos estudos das atividades que faziam parte das olimpíadas. Foi a primeira participação do município nessas olimpíadas que já está na quarta edição.
A 1ª Olimpíada Nacional em História do Brasil ocorreu em 2009, contou com cerca de 16 mil inscritos e foi um grande sucesso entre alunos e professores de todo o país!
Desde então a Olimpíada vêm crescendo ano a ano, contando com a participação de mais de 120 mil alunos e professores de todos os estados do país e se firmando no cenário educacional como uma proposta inovadora de estudo consistente de História.
Professora Pâmela
Alunos (as) Taciara, Flávia e Felipe.
Agradecemos vocês imensamente pela dedicação e valorização do conhecimento histórico, que possamos contar novamente com o empenho de vocês no próximo ano.
Silvio Henrique F. Vilhena
Coordenador Técnico de História
SEMED
A equipe Terezinha de Jesus chegou até a terceira fase das olimpíadas, servindo como exemplo à toda rede de educação de Parauapebas. O grupo participou efetivamente das soluções das questões e dos estudos das atividades que faziam parte das olimpíadas. Foi a primeira participação do município nessas olimpíadas que já está na quarta edição.
A 1ª Olimpíada Nacional em História do Brasil ocorreu em 2009, contou com cerca de 16 mil inscritos e foi um grande sucesso entre alunos e professores de todo o país!
Desde então a Olimpíada vêm crescendo ano a ano, contando com a participação de mais de 120 mil alunos e professores de todos os estados do país e se firmando no cenário educacional como uma proposta inovadora de estudo consistente de História.
Professora Pâmela
Alunos (as) Taciara, Flávia e Felipe.
Agradecemos vocês imensamente pela dedicação e valorização do conhecimento histórico, que possamos contar novamente com o empenho de vocês no próximo ano.
Silvio Henrique F. Vilhena
Coordenador Técnico de História
SEMED
PAUTA DE FORMAÇÃO 05-09-2012
SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO – SEMED
DIRETORIA TÉCNICA
PEDAGÓGICA
DIVISÃO DE ENSINO DE 3º E 4º
CICLOS
COORDENAÇÃO TÉCNICA
PEDAGÓGICA DE HISTÓRIA
PAUTA DE FORMAÇÃO
Data: 05 de setembro de 2012
Horário: 07h30min às 10h30
Local: CEUP.
Duração: 03h00min.
Público: Professores de História da rede
municipal de ensino.
Formador: Coordenador Técnico Pedagógico de
História da Divisão de Ensino de 3º e 4º ciclos.
Tema: “Educação com Qualidade Social”.
OBJETIVOS DE FORMAÇÃO:
- Colocar
em discussão a importância da leitura, ampliando o repertório literário a
partir de bons textos;
- Colocar
em discussão as práticas em sala de aula;
- Dar
continuidade aos estudos dos procedimentos de leitura e escrita;
- Socializar
o material digital: Banco de atividades de História.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
- Reconhecer
a importância da leitura como instrumento de ampliação do conhecimento;
- Enfatizar
que a aprendizagem dos alunos (as) é o principal objetivo das aulas,
portanto devemos sempre procurar estratégias que nos levem a esse
objetivo;
- Compreender
a relação entre os diferentes gêneros de texto e
de linguagem e a construção de procedimentos didáticos de leitura e
escrita no ensino de História;
- Apresentar
e ensinar o funcionamento e a utilização do Banco de atividades digital de
História, como instrumento de apoio aos professores (as).
CONTEÚDOS:
- Gestão
pedagógica com foco na importância da leitura como instrumento de
aprendizagem;
- Gestão
pedagógica com foco nas práticas em sala de aula, em beneficio da
aprendizagem;
MATERIAIS:
·
Texto
e slide da música: “Saga da Amazônia” (Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e
Xangai);
·
Banco
de Atividades digital de História;
·
Textos
do referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e
escritora: caderno de orientação didática de História / Secretaria Municipal de
Educação – São Paulo: SME / DOT, 2006;
- Lista de frequência;
- Datashow,
notebook, caixas amplificadas e suplementos periféricos.
DESENVOLVIMENTO:
1ª Atividade:
- Boas vindas, apresentação dos
objetivos da pauta e leitura do roteiro.
2ª Atividade:
-
Leitura e apresentação do slide: “Saga da Amazônia” (Elomar, Geraldo Azevedo,
Vital Farias e Xangai);
Nota: Em seguida,
colocaremos em discussão a letra da música e de que forma estão sendo
trabalhados os conteúdos sobre a Amazônia nas salas de aula.
Questões Norteadoras: Qual a importância do momento da
leitura nas aulas de História? Como selecionamos os textos? Incentivamos os
nossos alunos a praticarem a leitura? De que forma realizamos a leitura em
sala? Temos prazer em ler ou só cumprimos os encaminhamentos da Rede?
3ª Atividade:
- Colocar em discussão a importância dos
planejamentos e da diversificação das aulas, como subsídios para a aprendizagem
dos alunos.
Nota:
Reforçar a
importância da avaliação como instrumento de acompanhamento do desenvolvimento
das aprendizagens, o pré-conselho e conselho de classe. Como está sendo o
movimento do 3º bimestre? Os conceitos PP, PR e PM que aprendizagens
representam?
Nota: Após a discussão, realizar uma
atividade com os professores para sondagem do entendimento dos mesmos pelos
conceitosXaprendizagens. Em seguida, fazer uma retomada do projeto: “Música nas
aulas de História” (como está o andamento nas escolas).
4ª Atividade:
- Estudo dos
procedimentos de leitura e escrita.
Nota: No esforço
de pensar a relação entre os diferentes gêneros de texto e de linguagem e a
construção de procedimentos didáticos de leitura e escrita no ensino de
História, apresentar reflexões, propostas, exemplos, relatos e descrições de
estratégias (e seus fundamentos) que podem ser avaliados e utilizados como
referências para seu desenvolvimento em sala de aula.
5º Atividade:
- Socializar o material digital: Banco
de atividades de História.
Nota: Apresentar e ensinar o funcionamento e
a utilização do Banco de atividades digital de História, como instrumento de
apoio aos professores (as).
Nota: Instalar o
programa no computador dos professores.
6ª Atividade:
Avaliação do Encontro e Agradecimentos.
Questionamentos: Diante das discussões que tivemos
qual foi o propósito desta Formação? Que conteúdos foram trabalhados? Os
objetivos foram alcançados? Vai
contribuir para sua prática em sala de aula?
à
Agradecer
aos Professores pela participação, compromisso e dedicação.
ENCAMINHAMENTOS:
1-
Incentivar
a regularidade da leitura na disciplina de História;
2-
Parabenizar
os envolvidos na 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil;
3-
Fortalecer
junto aos professores a importância do Planejamento;
4-
Desenvolver
atividades que contribuam de fato com a aprendizagem dos alunos no processo
avaliativo;
5-
Informar
aos alunos que hoje dia 05 de setembro, é comemorado o dia da Amazônia. Falar
sobre a importância desse dia.
INFORMES:
1- Próxima Formação Continuada de História será dia 03/10/2012;
Saga da Amazônia
Saga da Amazônia
Era uma vez na Amazônia a mais bonita
floresta
mata verde, céu azul, a mais imensa floresta
no fundo d'água as Iaras, caboclo lendas e mágoas
e os rios puxando as águas
mata verde, céu azul, a mais imensa floresta
no fundo d'água as Iaras, caboclo lendas e mágoas
e os rios puxando as águas
Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores
os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores
sorria o jurupari, uirapuru, seu porvir
era: fauna, flora, frutos e flores
os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores
sorria o jurupari, uirapuru, seu porvir
era: fauna, flora, frutos e flores
Toda mata tem caipora para a mata vigiar
veio caipora de fora para a mata definhar
e trouxe dragão-de-ferro, prá comer muita madeira
e trouxe em estilo gigante, prá acabar com a capoeira
veio caipora de fora para a mata definhar
e trouxe dragão-de-ferro, prá comer muita madeira
e trouxe em estilo gigante, prá acabar com a capoeira
Fizeram logo o projeto sem ninguém
testemunhar
prá o dragão cortar madeira e toda mata derrubar:
se a floresta meu amigo, tivesse pé prá andar
eu garanto, meu amigo, com o perigo não tinha ficado lá
prá o dragão cortar madeira e toda mata derrubar:
se a floresta meu amigo, tivesse pé prá andar
eu garanto, meu amigo, com o perigo não tinha ficado lá
O que se corta em segundos gasta tempo prá
vingar
e o fruto que dá no cacho prá gente se alimentar?
depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o ar
igarapé, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um mar
e o fruto que dá no cacho prá gente se alimentar?
depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o ar
igarapé, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um mar
Mas o dragão continua a floresta devorar
e quem habita essa mata, prá onde vai se mudar???
corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduá
tartaruga: pé ligeiro, corre-corre tribo dos Kamaiura
e quem habita essa mata, prá onde vai se mudar???
corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduá
tartaruga: pé ligeiro, corre-corre tribo dos Kamaiura
No lugar que havia mata, hoje há perseguição
grileiro mata posseiro só prá lhe roubar seu chão
castanheiro, seringueiro já viraram até peão
afora os que já morreram como ave-de-arribação
Zé de Nata tá de prova, naquele lugar tem cova
gente enterrada no chão:
grileiro mata posseiro só prá lhe roubar seu chão
castanheiro, seringueiro já viraram até peão
afora os que já morreram como ave-de-arribação
Zé de Nata tá de prova, naquele lugar tem cova
gente enterrada no chão:
Pos mataram índio que matou grileiro que
matou posseiro
disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro
roubou seu lugar
disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro
roubou seu lugar
Foi então que um violeiro chegando na região
ficou tão penalizado que escreveu essa canção
e talvez, desesperado com tanta devastação
pegou a primeira estrada, sem rumo, sem direção
com os olhos cheios de água, sumiu levando essa mágoa
dentro do seu coração
ficou tão penalizado que escreveu essa canção
e talvez, desesperado com tanta devastação
pegou a primeira estrada, sem rumo, sem direção
com os olhos cheios de água, sumiu levando essa mágoa
dentro do seu coração
Aqui termina essa história para gente de
valor
prá gente que tem memória, muita crença, muito amor
prá defender o que ainda resta, sem rodeio, sem aresta
era uma vez uma floresta na Linha do Equador...
prá gente que tem memória, muita crença, muito amor
prá defender o que ainda resta, sem rodeio, sem aresta
era uma vez uma floresta na Linha do Equador...
Procedimentos didáticos com diferentes linguagens e gêneros de texto
PREFEITURA MUNICIPAL DE PARAUAPEBAS
SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO – SEMED
DIRETORIA TÉCNICA
PEDAGÓGICA
DIVISÃO DE ENSINO DE 3º E 4º
CICLOS
COORDENAÇÃO TÉCNICA
PEDAGÓGICA DE HISTÓRIA
Procedimentos didáticos com diferentes linguagens e
gêneros de texto
No esforço de pensar a relação entre os diferentes gêneros
de texto e de linguagem e a construção de procedimentos didáticos de leitura e
escrita no ensino de História, este material apresenta reflexões, propostas,
exemplos, relatos e descrições de estratégias (e seus fundamentos) que podem
ser avaliados e utilizados como referências para seu desenvolvimento em sala de
aula.
Texto literário
Contos, romances, crônicas, epopéias são produções culturais
da esfera literária que contribuem tanto para a formação de leitores como para
estudos históricos. Ler com os alunos, por exemplo, A epopéia de Gilgamesh (ANÔNIMO,
2001), encarando-a como texto literário e ainda como documento histórico,
requer considerar a importância de ensinar procedimentos de leitura ativa e
colocar os alunos diante de determinadas questões que revelam sua
historicidade. Se as tabuinhas de argila produzidas na Babilônia há 3.800 anos
forem questionadas como documentos, testemunhas, evidências, indícios do
contexto no qual foram produzidas, utilizadas ou reinterpretadas, podem
remeter:
• ao suporte de escrita utilizado pela sociedade daquela
época (o barro);
• à forma de registro feita sobre o suporte (desenho sobre a
argila molhada, que é diferente de pintar sobre a argila já seca, como faziam
os antigos chineses);
• ao desenvolvimento do sistema de notação de símbolos
(escrita cuneiforme);
• ao tipo de escrita (pictográfica, ideográfica e/ou
fonética e suas transformações com o tempo);
• ao que foi registrado por escrito (o texto e seu
conteúdo);
• a quem registrou (a inserção social e política do
escrevinhador, seu processo de formação, seu papel social);
• à função social desse texto e seu estilo (narrativa
literária, diferente de um contrato de compra e venda, de um relatório de
contabilidade ou de códigos legislativos);
• ao local onde as tabuinhas foram encontradas (em
escavações arqueológicas na cidade de Nínive ou de Ur);
• à maneira como eram guardadas naquela época (em arquivo,
biblioteca);
• ao local onde hoje elas estão sendo preservadas (no Museu
Britânico, no Louvre e, por que não, em um museu do Iraque);
• a por que têm sido preservadas (por seu valor cultural,
histórico ou econômico);
• ao significado que é atribuído a elas atualmente, por que
e por quem.
São diversas as possibilidades de aprendizagem histórica com
textos literários, e delas dependem as situações didáticas criadas pelo
professor. A simples apresentação de um texto, com a possibilidade de ser lido
e debatido em sala de aula, já amplia o repertório dos estudantes sobre obras e
autores de determinada época. E, quanto mais variadas as informações sobre
certo período, melhor ele pode ser caracterizado por sua especificidade e maior
a probabilidade de ser diferenciado de outras épocas e suas características históricas.
O acesso ao texto, seja ele em cópia, obtido na Internet ou
impresso em livro, permite ainda debater os suportes hoje existentes, que podem
ser distintos dos usados originalmente pelos autores das obras. No caso de
lidar com o próprio livro, é possível explorar a produção editorial (que pode ser
de diferentes épocas e formatos) dando conta de materialidades gráficas do
período da edição e da identificação dos profissionais nela envolvidos. Há
ainda as variadas traduções e versões adaptadas para públicos e linguagens
diversos; existem, por exemplo, versões de A epopéia de Gilgamesh em
histórias em quadrinhos com super-heróis extraterrenos e livros infantis belamente
ilustrados (ver ZENAN, 1997; STARLIN, 1991).
No caso das tabuinhas de argila da Mesopotâmia, fotos e
visitas a museus contribuem para os estudantes materializarem os suportes de
escrita antigos e se confrontarem com a diversidade de tipos de notação.
Dependendo do aprofundamento do assunto, registros pictográficos, ideográficos
ou silábicos podem ser estudados em suas especificidades históricas. Já o autor
demanda importantes indagações e reflexões. Ele está presente no texto, mas
ausente na realidade concreta do leitor. Assim, é preciso que aquele que lê
recupere o autor ausente, tenha consciência de que há um criador que fala no
texto, que o escreveu e que nele se expressa. Reconhecer a presença do autor é
essencial para o leitor identificar o construtor do discurso, aquele que
seleciona acontecimentos, opina, induz na seleção de palavras e construção de
frases, emite valores, argumenta. O reconhecimento do autor transforma a
leitura em um diálogo do leitor com o escritor e em uma comunicação entre
épocas e entre universos culturais.
Referencial de
expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e escritora: caderno
de orientação didática de História / Secretaria Municipal de Educação – São
Paulo: SME / DOT, 2006.
Canção popular
Canção popular
O gênero canção popular tem sido um recurso constantemente
utilizado tanto nas aulas como nos materiais didáticos. Os historiadores têm
procurado cada vez mais registrar os fatos cotidianos, de
pessoas comuns, com o objetivo de incorporar na História
esses novos objetos e sujeitos, sobre os quais pairavam o silêncio e o
esquecimento. A busca dessas outras vozes como contraponto ao discurso oficial é
uma necessidade quando o ensino dessa disciplina visa à problematização e à
análise, não apenas à coleta e à reprodução de informações.
Nessa linha, as obras dos cronistas revelam-se importantes
objetos de estudo, por meio da identificação do autor, de sua época, de seu
espaço, do lugar de onde faz seu discurso e do olhar que revela. Músicos e
cancioneiros aparecem, ao longo do tempo, como observadores sensíveis do mundo
a seu redor, com suas contradições, transformações e resistências.
Para discutir a linguagem poética musical, é preciso ter
clareza de que seus diferentes suportes permitem diversas análises: ler a letra
de uma música ou ouvi-la em sua versão original ou em releituras mais modernas
são possibilidades distintas. Do ponto de vista da História, localizar a versão
original possibilita a aproximação com a sonoridade de uma época e a análise de
estilo. Já as versões mais modernas são mais facilmente encontradas e sua
sonoridade soa mais familiar aos alunos. Percebe-se isso com clareza quando se
observa uma poesia de Cartola, uma versão original de suas canções ou uma
regravação feita por Marisa Monte: a sonoridade muda, deixando marcas de cada época;
a letra permanece, remetendo-nos ao contexto de sua produção. Em qualquer uma
dessas situações, é importante que o professor contextualize a produção. Nas
aulas de História, a música é um documento.
Como no trabalho com outros materiais, antes de iniciar a
leitura da canção, é importante realizar uma análise exploratória do texto com
os alunos:
• Antecipar temas e a idéia principal com base no título e
no gênero musical selecionado.
• Antecipar o tempo e o lugar de sua produção.
• Levantar expectativas em relação a sua contribuição ao
tema em estudo.
• Definir objetivos da leitura.
• Apresentar o autor e seu tempo.
Durante a leitura, devem ser explorados o vocabulário, a
linguagem, as histórias e os temas narrados:
• De que trata o texto?
• O que o texto desenvolve a respeito do assunto que
estudamos? Qual a particularidade do ponto de vista do autor?
• Quais os indícios de elementos específicos da época no
texto?
Depois da leitura, podem-se propor sínteses que evidenciem a
contribuição do autor para o tema em estudo:
• Registro escrito da idéia transmitida pela canção.
• Registro escrito da avaliação crítica da obra.
• Contextualização (relação do texto com o contexto de sua
produção).
• Diálogo com outros documentos que ampliem a visão do
período.
Referencial de
expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e escritora: caderno
de orientação didática de História / Secretaria Municipal de Educação – São
Paulo: SME / DOT, 2006.
Texto jornalístico
Texto jornalístico
O que é um texto jornalístico? Todos os textos de um jornal
são jornalísticos? Quais textos de jornal são utilizados como material de
estudo nas aulas de História? Como é possível contribuir para o aluno ler além
da notícia?
Em geral, um texto jornalístico tem por finalidade divulgar
notícias, fatos, informações por meio de tratamento escrito, oral, visual e
gráfico nos veículos de comunicação (jornais, revistas, rádio, televisão e
Internet). É um tipo de texto que depende da coleta, redação, edição e
divulgação de informações ou temas escolhidos entre aqueles que interessam ao
público, tendendo a assumir formatos e construções atraentes para este.
Nem todo texto jornalístico pode ser considerado notícia. No
entanto, a função prioritária dos jornais é noticiar. Assim, são freqüentes nos
jornais os textos-notícia, que apresentam acontecimentos atuais. É uma característica
das notícias centrar-se nos novos fatos, sem necessariamente ter a preocupação
de reconstituir seus antecedentes. As notícias dependem de repórteres,
profissionais envolvidos em coletar informações e produzir reportagens e
entrevistas. Eles tendem a ter como finalidade apresentar ao leitor, com
objetividade, o fato em si, o local onde ocorreu, as pessoas nele envolvidas e
o que o explica. Classicamente, as notícias respondem às seguintes questões: “o
quê”, “quem”, “onde”, “como” e “por quê”.
Além das notícias (reportagens e entrevistas), são
considerados textos jornalísticos artigos dissertativos ou opinativos redigidos
por colunistas, articulistas, comentaristas e cronistas, que escrevem ou não
com base nos acontecimentos recentes a serem divulgados. A opinião do jornal,
que pode ser parcial, é apresentada sem assinatura no editorial e corresponde
em geral às idéias da empresa ou da equipe de redação. Resumos e anúncios de
notícias estão presentes em textos curtos, como nas chamadas da primeira
página, nas legendas de fotos, nos títulos das reportagens e nas manchetes.
Importantes escritores brasileiros, como Rachel de Queiroz,
Clarice Lispector, Nelson Rodrigues, Machado de Assis e Carlos Drummond de
Andrade, escreveram para jornais. Alguns deles tinham colunas semanais. Artigos
de historiadores, filósofos, geógrafos, sociólogos e economistas também podem
ser encontrados com freqüência em cadernos especiais. Outros exemplos de textos
publicados em jornais são cartas de leitores, propagandas, anúncios, horóscopo,
sinopses de filmes, peças de teatro e novelas, palavras cruzadas, charges,
caricaturas, quadrinhos, que embora circulem neste veículo não são considerados
textos jornalísticos.
Os jornais são importantes fontes históricas por sua periodicidade,
por apresentarem dados que favorecem a inserção dos acontecimentos em contextos
históricos mais amplos, uma vez que contêm informações diversificadas da época,
e por serem encontrados em muitos centros de documentação. Hoje em dia, os
grandes jornais têm mantido seus acervos disponíveis em meios eletrônicos, como
CDs e Internet. Como em outras fontes documentais, os textos jornalísticos
inserem-se social, política e economicamente no contexto da sociedade que os
produziu. Assim, é preciso estabelecer suas inter-relações históricas e
identificar suas funções sociais, seus interesses econômicos, seus vínculos
político-ideológicos e seu papel na história da imprensa.
Esses textos são moldados também de acordo com as tradições
consolidadas em suas formas de comunicação e linguagem e em outras
particularidades, como tamanho, projeto gráfico e história.
Apesar do princípio de objetividade dos textos
jornalísticos, o uso deles para estudos históricos requer cuidados na
identificação de sua seleção, organização e interpretação dos fatos. Um exemplo
histórico conhecido na imprensa brasileira foi a inclusão de notícias de
protestos contra o regime militar no caderno de “Polícia”, em vez de no de
“Política”.
A confrontação de jornais com funções sociais e interesses
políticos distintos exemplifica também a necessidade de conhecer sua história.
Textos publicados em um jornal sindical, em pasquins ou em
jornais de grande circulação podem assumir versões muito
divergentes em relação ao mesmo evento. Assim, para que o aluno leia um jornal
como bom leitor, precisa contar com um aprendizado que envolva conhecimentos
capazes de provocar questionamentos quanto à organização da publicação, ao
local do texto no caderno e na página, à função do texto, à autoria, ao estilo,
ao esforço de objetividade, aos comentários e à identificação de opiniões, de
compromissos sociais e políticos e de filtros de interpretação.
Ao trabalhar com texto jornalístico em sala de aula, o
professor de História deve, então, ter a preocupação de analisá-lo em relação
tanto ao contexto no qual foi produzido como aos conteúdos em estudo.
São várias as possibilidades de agregar a notícia a
determinado conteúdo histórico. Vejamos um exemplo:
O texto anterior é uma notícia atual que anuncia uma
melhoria da situação da educação no Brasil, ressaltando, porém, que ainda
existem 15 milhões de analfabetos. O professor de História pode relacioná-lo ao
fato de que atualmente muitos políticos propõem projetos de melhoria da
educação e, então, questionar os alunos na busca de elos históricos. Por
exemplo: quem tinha acesso à educação no Brasil Colônia e no Império? Quando
teve início a preocupação com o analfabetismo no Brasil? Quem podia votar no
Brasil Colônia? Quais eram os requisitos para ser eleitor? Quando os
analfabetos conquistaram o direito de votar? Por que a educação é uma das
prioridades nos discursos políticos da atualidade? Portanto, nas aulas de
História, a notícia pode estabelecer relação com temas como a invenção da
escrita e a tecnologia da informação ou ser um material para debater o analfabetismo
como problema social.
De modo geral, trabalhar com texto jornalístico possibilita
aos alunos:
• desenvolver a competência leitora e escritora, utilizando
fatos do cotidiano que estão circulando na mídia, portanto atuais;
• trabalhar de forma contextualizada, levantando hipóteses e
questionamentos sobre a complexidade da sociedade em que vivemos, buscando
soluções para os problemas emergentes, compreendendo sua inserção histórica;
• ampliar seu repertório sobre o portador do texto-notícia –
Por que ler jornais? Qual a importância da leitura de um jornal?;
• ter contato com diferentes mídias – no jornal, na revista
e na Internet, lemos a notícia; na TV e no rádio, ouvimos a leitura do jornalista;
• identificar os diferentes posicionamentos das notícias e
construir um posicionamento individual – Qual a relevância do que está sendo
noticiado? Quando uma notícia é publicada na primeira página? O que significa
estar na primeira página? Isso interfere na leitura? O procedimento de trabalho
direto com a manchete, sem ler o texto, permite que o professor faça o
levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos e o que ainda
não sabem, possibilitando intervenções mais adequadas. Essa
situação desperta neles o interesse em descobrir o assunto de que de fato o
texto trata, ativando diferentes conhecimentos.
Assim, retomando o exemplo, diante da leitura da manchete, é
possível questionar: de que fala o texto? O que é analfabetismo? Onde
encontramos textos como esse? Por quê? A informação do texto é verdadeira ou
não? Quem é o autor do texto? Que época o texto retrata? Com base na manchete,
que idéia o autor vai desenvolver no texto? O autor está falando do
analfabetismo de que lugar?
Na leitura da reportagem, é importante cada estudante ter
cópia do texto para acompanhar a leitura, que pode ser feita com pausas para
questionamentos: o que significa a palavra “Rio” em destaque? Quem são Irany e
Karine? Que formação elas têm?E Pablo Gentile, quem é? Por que ele foi
consultado? E Eduardo Pereira Nunes? O queé IBGE? Baseadas em quais fontes as
autoras apresentam as informações? O que significa o ponto em negrito (sinal
gráfico) no final da matéria? Que tipo de representação há no texto, além da
escrita convencional? Por que o primeiro mapa está todo pintado e os outros
apenas algumas partes? Por que a representação gráfica está dividida em seis
desenhos menores? De que tratam as colunas? Essas e outras questões, durante a
leitura compartilhada com os alunos, são importantes para que eles estabeleçam
relações entre o que diz o texto, o que diz a manchete, o que sabiam antes, os
conteúdos históricos trabalhados em sala de aula, as palavras desconhecidas
(vocabulário), os gráficos e os mapas, levando-os a identificar vínculos e sentidos
que as autoras tentaram dar ao texto e a necessidade ou não de complementação com
pesquisas em outras fontes.
Tais procedimentos contribuem para que os estudantes possam:
• trabalhar de forma mais independente com o texto (intermediado
por um ou mais colegas), sistematizando e organizando o pensamento e,
conseqüentemente, ampliando seu conhecimento em relação à temática abordada;
• identificar quais foram os novos conhecimentos adquiridos
na leitura;
• trocar impressões com os outros colegas;
• reconhecer suas próprias dificuldades/facilidades de
leitura;
• organizar as idéias do texto e as suas por meio da
escrita.
Em uma situação diagnóstica em relação à compreensão dos
alunos a respeito do que diz o texto, é possível fazer perguntas de localização
de informações, de interpretação e de opinião. Por exemplo: eles são capazes de
colher informações do texto? Conseguem extrair dele o conceito de analfabeto
funcional? Sabem dizer qual a falta de instrução mais acentuada na região Nordeste,
qual a opinião do professor Pablo Gentile sobre o analfabetismo e qual região
do Brasil apresenta o maior índice de analfabetos na faixa etária de 15 a 17
anos? Conseguem interpretar o texto identificando o que o professor Pablo
Gentile quis dizer com “inclusão exclusiva” e por que não seria possível
cumprir no próximo ano a meta do governo federal de erradicar o analfabetismo
de pessoas com 15 anos ou mais de idade? Sabem expressar sua opinião a respeito
do assunto, se concordam ou não com a reportagem de que há necessidade de
reestruturar o Programa Brasil
Alfabetizado ou sugerir ações para a redução do índice de
analfabetismo no Brasil?
Referencial de expectativas para o
desenvolvimento da competência leitora e escritora: caderno de orientação didática
de História / Secretaria Municipal de Educação – São Paulo: SME / DOT, 2006.
Crônica
Crônica
O que é uma crônica? Qual a relação entre crônica e
história? Como trabalhar especificamente com crônicas
nas aulas de História? Quem são alguns cronistas brasileiros?
A crônica é um tipo de texto encontrado com frequência em jornais e revistas e
sua característica é focar acontecimentos vividos cotidianamente por meio de um
texto livre, literário, autoral. Em geral, o cronista fala da vida diária, mas
pode abordar também assuntos políticos, existenciais e esportivos.
A crônica diferencia-se da notícia e da reportagem, cujo
modelo tende a impor uma impessoalidade e uma
objetividade, porque o autor escreve livremente, avaliando,
confrontando, mesclando ficção e realidade, apresentando suas impressões dos
acontecimentos. É um texto literário, mas, quando publicada em jornal, pode
assumir uma dimensão efêmera, como as reportagens, que em geral deixam de ter
interesse no dia seguinte. No entanto, essa característica faz com que a
crônica contemple de maneira mais explícita elementos de sua historicidade,
contribuindo para os estudos de contextos históricos, pois registra os hábitos,
as ações e as idéias do cotidiano. As crônicas têm sido amplamente utilizadas
na escola e muitas delas estão presentes nos materiais didáticos de História.
Assim, esse é um gênero de texto conhecido por professores e alunos. No Brasil,
são muitos os cronistas que legaram textos favoráveis ao estudo nas aulas de
História: José de Alencar, Machado de Assis, Lima Barreto, Olavo Bilac,
Graciliano Ramos, Alcântara Machado, Rachel de Queiroz, Clarice Lispector,
Sérgio Faraco, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Mario Prata, Carlos Heitor
Cony, entre outros. Qual outro cronista você conhece? Vejamos uma crônica de
Lima Barreto (1956), publicada pela primeira vez na revista Careta, em
26 de junho de 1915.
“Ontem e hoje
Como todo o Rio de Janeiro sabe, o seu centro social foi
deslocado da rua do Ouvidor para a avenida e, nesta, ele fica exatamente no
ponto dos bondes do Jardim Botânico. Lá se reúne tudo o que há de mais curioso
na cidade. São as damas elegantes, os moços bonitos, os namoradores, os
amantes, os badauds, os camelots e a semesperança. crescem para dar animação ao local as
cervejarias que há por lá, e um enorme hotel que diz comportar não sei quantos
milheiros de hóspedes. Nele moram vários parlamentares, alguns conhecidos e
muitos desconhecidos. Entre aqueles está um famoso pela virulência dos seus
ataques, pela sua barba nazarena, pelo seu pince-nez e, agora, pelo
luxuoso automóvel, um dos mais chics da cidade. Há cerca de quatro
meses, um observador que lá se postasse veria com espanto o ajuntamento que
causava a entrada e a saída desse parlamentar. De toda a parte, corria gente a
falar com ele, a abraçá-lo, a fazer-lhe festas. Eram homens de todas as
condições, de todas as roupas, de todas as raças. Vinham os encartolados, os
abrilhantados, e também os pobres, os mal vestidos, os necessitados de emprego.
Certa vez a aglomeração de povo foi tal que o guarda civil de ronda compareceu,
mas logo afastou-se dizendo: – É o nosso homem.
Bem, isto é história antiga. Vejamos agora a moderna.
Atualmente, o mesmo observador que lá parar, a fim de guardar fisionomias belas
ou feias, alegres ou tristes e registrar gestos e atitudes, fica surpreendido
com a estranha diferença que há com aspecto da chegada do mesmo deputado. Chega
o seu automóvel, um automóvel de muitos contos de réis, iluminado
eletricamente, motorista de fardeta, todo o veículo reluzente e orgulhoso. O
homem salta. Pára um pouco, olha desconfiado para um lado e para outro, levanta
a cabeça para equilibrar o pince-nez no nariz e segue para a escusa
entrada do hotel. Ninguém lhe fala, ninguém lhe pede nada, ninguém o abraça –
por quê? Por que não mais aquele ajuntamento, aquele fervedouro de gente de há
quatro meses passados? Se ele sai e põe-se no passeio à espera do seu rico
automóvel, fica isolado, sem um admirador ao lado, sem um correligionário, sem
um assecla sequer. Por quê? Não sabemos, mas talvez o guarda civil pudesse dizer:
– Ele não é mais o nosso homem.”
Quem vivia no Rio de Janeiro em 1915 provavelmente
entenderia com certa tranquilidade a crônica de Lima Barreto, que nela
descreveu o cotidiano da cidade e fez comentários a respeito de alguns eventos.
Entretanto, quem vive no século XXI, quase um século depois, precisa conhecer
um pouco da história da antiga capital da República para compreendê-la melhor.
Se, porém, os alunos ainda não estudaram esse tema, como podem entender a
crônica e nela identificar acontecimentos da época? Ou, de outro modo: como
estudar o Rio de Janeiro analisando a crônica de Lima Barreto, ao mesmo tempo
que se apresenta a eles esse gênero de texto?
Para mergulhar no passado, é possível, antes de trabalhar
com a crônica, pesquisar a respeito do autor, do contexto retratado e da
revista Careta e, depois, criar algumas estratégias de leitura
favoráveis para encontrar no próprio texto pistas de seu contexto histórico. A
pesquisa sobre a época revela reformas urbanas no Rio de Janeiro. A cidade foi
reconstruída e “modernizada” no final do século XIX e início do XX, de acordo com
os modelos urbanos europeus, principalmente de Paris. Havia pouco tempo, no Rio
de “ontem” estavam em evidência a pobreza, as ruas estreitas do período
colonial, bairros insalubres, casas de taipa. Com as reformas urbanas, o centro
antigo foi demolido e em seu lugar surgiram novos prédios, a avenida Central e
bulevares. As linhas de bonde começaram a ser implantadas na década de 1890. O
novo estilo da cidade passou a ser acompanhado por outro estilo de vida; as
classes sociais mais pobres foram expulsas dos espaços centrais, enquanto a
“modernidade” ficou reservada para o refinamento carioca. Essas informações
contribuem para revelar, por exemplo, alguns temas históricos na crônica. A
escolha do título fica mais compreensível. Lima Barreto escolheu “Ontem e hoje”
porque, provavelmente, queria se referir às mudanças na cidade. O “ontem” seria
a cidade antiga e pobre; o “hoje”, a cidade nova, moderna e “chic”. No
início do texto, o autor conta que o centro social do Rio de Janeiro foi
deslocado para a “avenida” – supõe-se que seja a avenida Central – e dá a entender
que o ponto dos bondes do Jardim Botânico fazia parte da paisagem resultante
das reformas urbanas. Mas por que a nova avenida atraía as pessoas? Por que o
autor cita as “damas elegantes”, a pessoa “sem-esperança” e, mais adiante,
“homens de todas as condições, de todas as roupas, de todas as raças”, “os
encartolados, os abrilhantados, e também os pobres, os mal vestidos, os
necessitados de emprego”? Será que quer ressaltar a permanência da riqueza e da
pobreza? Fala também de parlamentares morando em hotéis no centro. Isso se
explica pelo fato de o Rio de Janeiro ser, na época, a capital do Brasil e para
lá se dirigirem os políticos de várias regiões. Mas quem era o parlamentar
“famoso pela virulência dos seus ataques, pela sua barba nazarena, pelo seu pince-nez”?
Essa informação demandaria outra pesquisa. O vocabulário é
revelador. Por que tantas palavras em francês na crônica? Foram introduzidas
com as avenidas e alamedas “chics” ou já estavam incorporadas desde o
Império ao vocabulário cotidiano da cidade e, portanto, de
uso freqüente da população e de seus escritores?
O que fica compreensível na crônica é uma cidade nova que
não esconde plenamente a antiga. Apesar das transformações, aos poucos o espaço
público abriga a diversidade. E, na esfera dos hábitos, a população do Rio de
Janeiro, de variada procedência, tinha o costume de agradar e pedir favores aos
políticos de renome, cuja fama, como tudo mais na modernidade, era passageira.
O texto contém pistas para sua compreensão, mas não se
revela plenamente, porque o autor escreveu para seus contemporâneos, que podiam
preenchê-lo com informações de seu dia-a-dia. Para o leitor atual, a uma
distância de cem anos no tempo, cabe o esforço de questionar o texto, inferir,
interpretar, identificar rastros de sua historicidade.
Referencial de expectativas para o
desenvolvimento da competência leitora e escritora: caderno de orientação
didática de História / Secretaria Municipal de Educação – São Paulo: SME / DOT,
2006.
Discurso político
Discurso político
De modo geral, “o discurso é um conjunto de frases
logicamente ordenadas, de forma a comunicar um sentido” (CEIA). Já o discurso
político envolve o texto organizado com finalidades políticas e articulado com
a esfera do poder. Ao proferir um discurso, o político assume uma posição
ideológica e coloca-se histórico-socialmente perante seu público, evocando um
conjunto de crenças e valores que, teoricamente, não poderá
contradizer (TAVARES).
Vejamos como exemplo o discurso de Getúlio Vargas nas
comemorações do Dia
do Trabalho de 1951 (disponível em:
<http://www.saoborja.com.br/getulio>. Acesso
em: 3 nov. 2006).
“Preciso de vós, trabalhadores do Brasil, meus amigos, meus
companheiros de uma longa jornada; preciso de vós, tanto quanto precisais de
mim. Preciso da vossa união; preciso que vos organizeis solidariamente em
sindicatos; preciso que formeis um bloco forte e coeso que possa dispor de toda
a força de que necessita para resolver os vossos próprios problemas. Preciso de
vossa união para lutar contra os sabotadores para que eu não fique prisioneiro
dos interesses dos especuladores e dos gananciosos, em prejuízo dos interesses
do povo. Preciso do vosso apoio coletivo, estratificado e
consolidado na organização dos sindicatos, para que meus
propósitos não se esterilizem e a sinceridade com que me empenho em resolver os
nossos problemas não seja colhida de surpresa e desarmada pela onda reacionária
dos interesses egoístas, que, de todos os lados, tentam impedir a livre ação de
meu governo. Chegou, por isso mesmo, a hora de o governo apelar para os
trabalhadores e dizerlhes: uni-vos todos nos vossos sindicatos, como forças livres
e organizadas. As autoridades não poderão cercear a vossa liberdade nem usar de
pressão ou coação. O sindicato é a vossa arma de luta, a vossa fortaleza
defensiva, o vosso instrumento de ação política. Na hora presente, nenhum governo
poderá subsistir, ou dispor de força eficiente para as suas realizações sociais, se não contar com o
apoio das organizações, sindicatos ou cooperativas, que as classes mais
numerosas da nação podem influir nos governos, orientar a administração pública
na defesa dos interesses populares.”
O que faz esse texto ser um discurso político? A quem
Getúlio se dirige? O que fala? Qual a idéia que defende? Como justifica essa
idéia? Como constrói o texto segundo sua finalidade política?
De modo geral, o discurso político fundamenta-se na
construção de uma lógica de argumentação e exemplos, articulados
estrategicamente, para propor um projeto de futuro. O estadista, propagando
alcançar o bem comum, concebe um Estado ideal, contraposto ao real (presente).
Por isso, o texto do discurso político insere-se na esfera da política e, nela,
projeta-se no âmbito do possível, daquilo que pode ser feito (Gregório , 2005).
Para entender melhor o discurso político, é importante
conhecer as ferramentas usadas por seus autores, ou seja, perceber que a
intenção da construção do texto é atrair a atenção dos ouvintes/leitores. Para
isso, eles fazem uso da persuasão e da eloqüência.
Na persuasão (com o objetivo de convencer, comover e
agradar), ordenam os pensamentos de maneira a levar o interlocutor a aceitar
certo ponto de vista. Na eloqüência, exaltam o otimismo, o entusiasmo, a
vivência no Estado ideal, apesar das dificuldades presentes (idem).
Ao analisar esse tipo de texto, é essencial identificar o
que está “influenciando” o autor/político no momento em que produz seu
discurso, qual é o cenário, a época, o contexto em que está inserido. É
preciso, assim, conhecer o discurso dentro de suas condições de produção
(TAVARES). Como afirma Patrick Charaudeau (2006, p. 99), “o discurso político
é, por excelência, o lugar de um jogo de máscaras. Toda palavra pronunciada no
campo político deve ser tomada ao mesmo tempo pelo que diz e o que não diz”.
No caso do discurso de Getúlio, para quem ele fala sem
declarar explicitamente? O que diz sem efetivamente dizer? A análise desse tipo
de texto nas aulas de História tem por objetivo formar leitores críticos, com
domínios para questioná-lo e para perceber as afirmações e as contradições do
que é dito e escrito por seus representantes políticos na vida social. Atualmente,
quando falamos de discurso político, é quase impossível dissociá-lo de imagens
na televisão, rádio, outdoors e palanques. Sabemos a força do vídeo e
sua interferência na imagem do candidato e em seu discurso. Afinal, uma boa
gravação é capaz de aumentar o número de eleitores de meia dúzia para uma
centena; distribuição gratuita de bonés, camisetas, santinhos e faixas pode
tornar simples espectadores militantes convictos; e a roupa da moda, maquiagem
e gestos, cuidadosamente estudados, transformam o candidato em um artigo de
consumo.
Na época de Getúlio, a ação da propaganda política também
era associada a seus discursos políticos. Qual era o papel do Estado na
construção da imagem desse presidente? Qual a relação entre a imagem construída
para ele e seu discurso no dia 1º de maio de 1951?
Estudar discursos políticos nas aulas de História pode
possibilitar um olhar mais analítico das reais propostas dos candidatos e seus
programas. Afinal, nas palavras estão as intenções e as propostas projetadas
por eles politicamente. Vejamos agora alguns trechos do discurso do presidente
Lula no Fórum Econômico Mundial, em Davos, em 26 de janeiro de 2003 (disponível
em: http://www.bbc.co.uk/ portuguese/noticias/2003/030126_integraamt.shtml).
“[...]
Trago a Davos o sentimento de esperança que tomou conta de
toda a sociedade brasileira. O Brasil se reencontrou consigo mesmo, e esse
reencontro se expressa no entusiasmo da sociedade e na mobilização nacional
para enfrentar os enormes problemas que temos pela frente.
Aqui, em Davos, convencionou-se dizer que hoje existe um
único Deus: o mercado. Mas a liberdade de mercado pressupõe, antes de tudo, a
liberdade e a segurança dos cidadãos.
Respondi, de forma serena e madura, aos que desconfiaram dos
nossos compromissos, durante a campanha eleitoral. Na Carta ao Povo Brasileiro,
reafirmei a disposição de realizar reformas econômicas, sociais e políticas
muito profundas, respeitando contratos e assegurando o equilíbrio econômico.
O Brasil trabalha para reduzir as disparidades econômicas e
sociais, aprofundar a democracia política, garantir as liberdades públicas e
promover, ativamente, os direitos humanos. A face mais visível dessas
disparidades são os mais de 45 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha
da pobreza. [...]
Urge que o Brasil promova a reforma agrária e retome o
crescimento econômico, de modo a distribuir renda. Estabelecemos regras
econômicas claras, estáveis e transparentes. E estamos combatendo,
implacavelmente, a corrupção. [...] Somos um país acolhedor. A tolerância e a
solidariedade são características do povo brasileiro. [...] Todo o esforço que
estamos fazendo, para recuperar, responsavelmente, a economia brasileira, no
entanto, não atingirá plenamente seus objetivos sem mudanças importantes na
ordem econômica mundial. [...] De nada valerá o esforço exportador que venhamos
a desenvolver se os países ricos continuarem a pregar o livre-comércio e a
prática do protecionismo.”
O que há em comum entre o discurso de Getúlio e o de Lula? O
que os caracteriza como discursos políticos?
Em ambos os discursos, podem ser analisados: as
argumentações, a persuasão e a eloqüência na construção da fala/texto; o Estado
ideal versus o real; a posição ideológica histórico-social; e afirmações
e contradições na construção da fala de persuasão. Além disso, é importante
reconhecer que os diferentes recortes estabelecidos pelo professor de História
também são projeções políticas e ideológicas de seus valores e expectativas.
Assim, na análise do discurso político, professor e alunos
são protagonistas na criação de um diálogo. No discurso de Lula, estão
implícitos vários conceitos e fatos históricos, como: liberalismo econômico,
cidadania e protecionismo; Davos e sua importância no cenário político-econômico
do mundo; a própria figura política de Lula na história do Brasil; e o programa
político do Partido dos Trabalhadores e sua trajetória para chegar ao poder.
O professor de História pode confrontar idéias identificadas
no texto e conceituadas com base no próprio discurso com conceituações
históricas de épocas passadas, encontradas em outros textos. Qual o conceito de
liberalismo econômico no século XVIII e qual o utilizado pelo presidente? Como
Lula entende o conceito de cidadania e como ela pode ter sido entendida em
distintas épocas? O que significava protecionismo durante a política econômica
do mercantilismo dos séculos XVI e XVII e na política econômica nacionalista de
Getúlio Vargas e como Lula entende esse conceito hoje? Por que, para Lula, a
liberdade e a segurança do cidadão estão antes do mercado? Mas de qual
liberdade ele está falando? Por que, em sua concepção, o mercado pode interferir
na liberdade? Pesquisas podem complementar a análise do texto, procurando
respostas às seguintes perguntas:
• Por que o presidente afirma, em um primeiro momento, que
ele representa a esperança de toda a sociedade e, logo em seguida, que alguns,
durante a campanha eleitoral, desconfiaram de seus compromissos?
• Quais seriam as reformas econômicas, sociais e políticas
que ele pretende realizar? O texto responde a essa questão?
• De que forma Lula pretende realizar seus objetivos
(distribuir renda, garantir liberdades públicas, aprofundar a democracia etc.)?
O texto responde a essa questão?
• Por que o presidente afirma ser o Brasil um país
acolhedor, tolerante e solidário?
• Quais são as mudanças econômicas mundiais que ele
considera necessárias para o desenvolvimento do país?
• Passados alguns anos, como ficaram os compromissos
afirmados pelo presidente em Davos no que se refere a corrupção e combate às
desigualdades sociais?
Por fim, pode ser significativo os estudantes refletirem
sobre as características dos discursos políticos e depois, em grupo, elaborarem
propostas para a criação de um texto com essas características, priorizando,
por exemplo, a construção de argumentações para convencer os colegas de alguma
proposta social ou política que defendem. Esse tipo de exercício contribui para
o debate do uso da escrita para diferentes finalidades, atribuindo sentidos ao
ler e escrever, desviando de textos apenas com fins escolares e avançando para
produções mais profundas.
Uma sugestão para trabalhar com discursos políticos é propor
aos alunos o desenvolvimento de projetos de lei para serem enviados para o
Parlamento Jovem Municipal. A redação desses projetos pode consistir de duas
etapas: leitura de textos de lei e leitura de justificativas de projetos de
lei. Diante desses textos, recomenda-se questionar, por exemplo: a quem o
projeto vai beneficiar ou na vida de quem (sujeito, grupo social etc.) vai
interferir? De onde sairão os custos do projeto? Quem será responsável por sua
manutenção?
Adquirido o aprendizado com as leituras, o passo seguinte é
escrever o projeto de lei e sua justificativa. O texto da justificativa demanda
mais cuidados, pois é nele que o aluno explica a razão de estar apresentando
seu projeto, sua necessidade e sua importância, conclamando o voto favorável
dos demais a sua proposta. Portanto, é na justificativa que os instrumentos do
discurso político aparecem mais claramente.
Referencial de expectativas para o
desenvolvimento da competência leitora e escritora: caderno de orientação
didática de História / Secretaria Municipal de Educação – São Paulo: SME / DOT,
2006.
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