quinta-feira, 4 de outubro de 2012

FORMAÇÃO CONTINUADA 03-10-2012


                                          PREFEITURA MUNICIPAL DE PARAUAPEBAS
                   SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO – SEMED
                    DIRETORIA TÉCNICA PEDAGÓGICA
                   DIVISÃO DE ENSINO DE 3º E 4º CICLOS
                   COORDENAÇÃO TÉCNICA PEDAGÓGICA DE HISTÓRIA

PAUTA DE FORMAÇÃO


Data: 03 de outubro de 2012
Horário: 07h30min às 10h30
Local: CEUP.
Duração: 03h00min.
Público: Professores de História da rede municipal de ensino.
Formador: Coordenador Técnico Pedagógico de História da Divisão de Ensino de 3º e 4º ciclos.
 
Tema: “Educação com Qualidade Social”.

OBJETIVOS DE FORMAÇÃO:
  • Colocar em discussão a importância da leitura, ampliando o repertório literário a partir de bons textos;
  • Colocar em discussão as práticas em sala de aula;
  • Dar continuidade aos estudos dos procedimentos de leitura e escrita;
  • Socializar materiais digitais para dinamização das aulas de história.



OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
  • Reconhecer a importância da leitura como instrumento de ampliação do conhecimento;
  • Enfatizar que a aprendizagem dos alunos (as) é o principal objetivo das aulas, portanto devemos sempre procurar estratégias que nos levem a esse objetivo;
  • Compreender a relação entre os diferentes gêneros de texto e de linguagem e a construção de procedimentos didáticos de leitura e escrita no ensino de História;
  • Apresentar e discutir com o grupo alguns vídeos, slides, textos e atividades que podem de fato contribuir com o sucesso das aulas de História.







CONTEÚDOS:
  • Gestão pedagógica com foco na importância da leitura como instrumento de aprendizagem;
  • Gestão pedagógica com foco nas práticas em sala de aula, em beneficio da aprendizagem;


MATERIAIS:
·         Texto e vídeo da música: “Canto das três raças” (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro);
·         Textos do referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e escritora: caderno de orientação didática de História / Secretaria Municipal de Educação – São Paulo: SME / DOT, 2006;
·         Músicas, vídeos e slides relacionados aos conteúdos do 4º semestre;
  • Lista de frequência;
  • Datashow, notebook, caixas amplificadas e suplementos periféricos.


DESENVOLVIMENTO:

1ª Atividade:
- Boas vindas, apresentação dos objetivos da pauta e leitura do roteiro.

2ª Atividade:
- Leitura e apresentação do vídeo: “Canto das três raças” (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro);

Nota: Em seguida, colocaremos em discussão a letra da música e de que forma podemos trabalha-la nas salas de aula.

Questões Norteadoras: Qual a importância do momento da leitura nas aulas de História? Como selecionamos os textos? Incentivamos os nossos alunos a praticarem a leitura? De que forma realizamos a leitura em sala? Temos prazer em ler ou só cumprimos os encaminhamentos da Rede?


3ª Atividade:
- Colocar em discussão a importância dos planejamentos e da diversificação das aulas, como subsídios para a aprendizagem dos alunos.

Nota: Reforçar a importância da avaliação como instrumento de acompanhamento do desenvolvimento das aprendizagens, o pré-conselho e conselho de classe. O que esta planejado para o 4º bimestre? Os conceitos PP, PR e PM que aprendizagens representam? De que forma será feita a retomada dos conteúdos em déficit de aprendizagem?

Nota: Após a discussão, solicitar aos grupos que tragam na próxima formação exemplos de atividades de leitura, realizados em sala de aula, envolvendo cada um dos gêneros trabalhados, para socialização com todo o grupo e registro das mesmas.

4ª Atividade:
- Continuidade do estudo dos procedimentos de leitura e escrita.

Nota: No esforço de pensar a relação entre os diferentes gêneros de texto e de linguagem e a construção de procedimentos didáticos de leitura e escrita no ensino de História, apresentar reflexões, propostas, exemplos, relatos e descrições de estratégias (e seus fundamentos) que podem ser avaliados e utilizados como referências para seu desenvolvimento em sala de aula.


5º Atividade:
- Socialização de materiais digitais para dinamização das aulas de História.

Nota: Apresentar e discutir sobre a devida utilização do material como instrumento de apoio aos professores (as).

6ª Atividade:
Avaliação do Encontro e Agradecimentos.

Questionamentos: Diante das discussões que tivemos qual foi o propósito desta Formação? Que conteúdos foram trabalhados? Os objetivos foram alcançados? Vai contribuir para sua prática em sala de aula?

à Agradecer aos Professores pela participação, compromisso e dedicação.

ENCAMINHAMENTOS:
1-    Incentivar a regularidade da leitura na disciplina de História;
2-    Parabenizar os envolvidos na 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (exibir as fotos da entrega dos certificados);
3-    Fortalecer junto aos professores a importância do Planejamento;
4-    Desenvolver atividades que contribuam de fato com a aprendizagem dos alunos no processo avaliativo;
5-    Incentivar os professores a acessarem mais o blog de História e falar sobre a sua importância.

INFORMES:
1- Próxima Formação Continuada de História será dia 07/11/2012;

Canto das Três Raças - Clara Nunes Compositores: Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro


Ninguém ouviu
Um soluçar de dor no canto do Brasil
Um lamento triste sempre ecoou
Desde que o ÍNDIO guerreiro foi pro cativeiro e de lá cantou

NEGRO entoou
Um canto de revolta pelos ares
Do Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou

Fora a luta dos INCONFIDENTES
Pela quebra das correntes, nada adiantou
E de guerra em paz, de paz em guerra
Todo povo dessa terra quando pode cantar
Canta de dor

E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse canto que devia ser um canto de alegria
Soa apenas como um soluçar de dor

Paulo César Francisco Pinheiro (Rio de Janeiro, 28 de abril de 1949) é compositor e poeta brasileiro.
   Já no final da década de 1960, começou a destacar-se como letrista estabelecendo parcerias com Baden Powell, principalmente na voz de Elis Regina.
   Outras intérpretes marcantes foram Elizeth Cardoso, Simone e Clara Nunes, com quem foi casado, e os conjuntos MPB-4 e Quarteto em Cy. Paulo César Pinheiro apresenta em suas composições uma grande variedade de parceiros, como João de Aquino, Francis Hime, Dori Caymmi, Antônio Carlos Jobim, Ivan Lins, Edu Lobo, Mauro Duarte, João Nogueira, Guinga, Toquinho, Eduardo Gudin e Maria Bethânia. Em 2002, foi premiado, juntamente com Dori Caymmi, com um Grammy Latino na categoria de "Melhor Canção Brasileira". No ano seguinte ganhou o Prêmio Shell pelo CD O Lamento do Samba.

Mauro Duarte de Oliveira, (Matias Barbosa-MG, 2 de junho de 1930 - Rio de Janeiro-RJ, 26 de agosto de 1989) foi um cantor e compositor de samba brasileiro. Além de compositor, ganhou a vida como ourives e bancário.
   Começou a compor por volta dos dez anos de idade, quando se mudou com a família de Minas Gerais para o Rio de Janeiro. Foi pianista autodidata na infância. Aos 15 anos, passou a ter contato com o samba através do carnaval de rua do bairro de Botafogo, onde morava, nos blocos do Jerico, Funil de Botafogo e Gaviões e freqüentando as escolas de samba São Clemente e Estrela de Botafogo.
   Seu primeiro sucesso comercial como compositor veio em 1974 com "Menino Deus" (em parceria com Paulo Cesar Pinheiro) na voz de Clara Nunes. Outras composições marcantes foram "Canto das Três Raças" (1976) e "Portela na Avenida" (1981) - ambas com Paulo Cesar Pinheiro e também gravadas por Clara Nunes.

Procedimentos didáticos com diferentes linguagens e gêneros de texto



     No esforço de pensar a relação entre os diferentes gêneros de texto e de linguagem e a construção de procedimentos didáticos de leitura e escrita no ensino de História, este material apresenta reflexões, propostas, exemplos, relatos e descrições de estratégias (e seus fundamentos) que podem ser avaliados e utilizados como referências para seu desenvolvimento em sala de aula.

Charge e caricatura
O humor visual é um relevante meio de observar a realidade. Assim, a charge e a caricatura têm papel fundamental e decisivo no espaço jornalístico. Não têm a precisão e o detalhamento da reportagem e muito menos do ensaio das ciências sociais, mas atingem o leitor com rapidez e agudeza. Podem ter impacto comparável ao de um bom artigo e, em geral, podem ser transmissoras da voz da opinião pública.
Ambas são importantes instrumentos de expressão cultural e de pensamentos. Ridicularizam o comportamento político dos “donos do poder” ou de outros segmentos sociais e remetem a um conjunto de informações da dimensão da cultura popular e de massa. Envolvem os leitores em um processo lúdico e os instiga a observar com outro olhar seu cotidiano, sempre com algum acréscimo.
A charge e a caricatura oferecem a possibilidade de analisar a história social, política, artística etc.
O Dicionário Aurélio (FERREIRA, 1995, p. 130 e 145) contém as seguintes definições: Caricatura. S. f. Desenho que, pelo traço, pela escolha dos detalhes, acentua ou revela aspectos caricatos de pessoa ou fato. Charge. S. f. Representação pictórica, de caráter burlesco e caricatural, em que se satiriza um fato específico, em geral de caráter político e que é do conhecimento público”.
Uma importante contribuição para o estudo dessa dimensão lúdica e do riso é a obra Raízes do riso, de Elias Thomé Saliba, que aborda a representação humorística brasileira durante a belle époque e nos primeiros tempos do rádio. Segundo o autor, “o humor não é um estado de espírito, mas uma visão de mundo” (SALIBA, 2002, p. 15).
Como exemplos de trabalho pedagógico com a caricatura e a charge, são apresentados dois desenhos a respeito do médico Oswaldo Cruz publicados anos antes da Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro, em 1910.

Guilherme Tela de Arame – O mais extraordinário caçador de... Mosquitos. (J. Carlos, Tagarela, 12 mar. 1904. Ver FALCÃO, 1972, p. lxviii).


A varíola e a vacina. Oswaldo Cruz: Retira-te, em nome da ciência! Varíola: Que ciência! A de Jenner? Conheço-a há 85 anos e ainda anda de carro de boi no Brasil, ao passo que eu já ando de automóvel!... Cresça e apareça! (O Malho, 1o fev. 1908. Ver FALC ÃO, 1972, p. ccvi. Citado por LOPES, 1999).

Onde está o humor nessas imagens? Conseguimos rir com o que representam? Para o historiador Robert Darton (1986, p. XV), “quando não conseguimos entender um provérbio, uma piada, um ritual ou um poema,
temos a certeza de que encontramos algo. Analisando o documento onde ele é mais opaco, talvez se consiga descobrir um sistema de significados estranhos. O fio pode até conduzir a uma pitoresca e maravilhosa visão de mundo”.
Que visão de mundo essas imagens transmitem ao leitor? É difícil interpretar caricaturas e charges do passado, pelo fato de o leitor pertencer a outro tempo e não necessariamente conhecer os personagens retratados. Para identificar o humor nessas imagens, é preciso saber quem eram eles, dominar informações
históricas e reconhecer quais foram as intervenções dos humoristas. Na caricatura, por exemplo, uma vez que são os exageros que provocam o riso, o leitor precisa identificar qual era a referência social ou política do personagem no passado, para entender o que o humorista salientou em seu desenho. Como afirma Bakhtin (1987, p. 18), “o riso degrada e materializa”.
A idéia da degradação é interpretada por Bakhtin como valor positivo, porque possibilita renovar a imagem, criar um novo sentido – provoca uma leitura mais livre dos valores determinados socialmente, sem deixar de fazer referência a eles.
O riso só aflora se o leitor do presente reconhecer na caricatura a dimensão material, humanizada, degradada, construída para ela.
Para a leitura de caricaturas no trabalho com os estudantes, sugere-se, inicialmente, sondar se sabem o que são e/ou se costumam lidar com elas. Por exemplo, apresentar uma caricatura e questionar: o que vocês estão vendo? Isso é um retrato ou não? Se não é um retrato, que tipo de desenho é esse?
Depois de chamar a atenção para o tipo de desenho, é interessante mostrar a eles outras caricaturas, principalmente de pessoas que possam reconhecer (político, jogador de futebol, ator famoso), perguntando o que os desenhos têm de semelhante com o primeiro. A idéia, aqui, é explorar as características do desenho de caricatura, salientando os exageros.
No caso específico da primeira imagem, é possível fazer perguntas diretas: quem é essa pessoa? Por que a cabeça está maior do que o corpo? Podemos descobrir alguma informação com uma legenda? Qual seria a legenda desse desenho? Apresentar a legenda e ler com os alunos – “Guilherme Tela de Arame. O mais extraordinário caçador de... Mosquitos” – e questionar: será que o nome da pessoa retratada é esse “Guilherme Tela de Arame”? Por quê? Vocês já ouviram falar em Guilherme Tell? Sabem quem foi? Esse é um desenho dele ou não?
Para dar continuidade ao trabalho, pode-se ainda levar uma enciclopédia para a sala de aula para que os alunos conheçam quem foi Guilherme Tell e, depois, perguntar-lhes se, pela biografia, a caricatura está se referindo a ele ou não. Discutir, então, que não se trata de Guilherme Tell e questionar por que, na legenda, o nome dele foi modificado para “Tela de Arame” e por que virou caçador de mosquitos. Nessa linha, muitas observações e hipóteses podem ser provocadas: quem será que caça mosquitos? O que a pessoa do desenho está fazendo? Como está vestida? Qual a profissão dela? Ela é de outra época? Como podemos descobrir quem é e qual sua época?
Os questionamentos instigam pesquisas, que podem ser feitas no próprio livro didático, tomando como referência a data da caricatura (1904): o que estava acontecendo no Brasil no contexto daquela época?
No livro didático, é possível obter informações sobre Oswaldo Cruz e a Revolta da Vacina. Nesse caso, o objetivo é ler um texto para entender uma imagem. E, aí, já com os dados da época, o debate pode girar em torno das intenções do autor da caricatura: por que o desenhista fez uma caricatura de Oswaldo Cruz? Como provocou, com ela, o riso nos leitores de 1904? O que ele quis dizer? Por que colocou aquela legenda? Quem
eram as pessoas leitoras desse desenho? Quando elas o observaram, o que entenderam, pensaram, imaginaram? E o que podemos pensar hoje em dia vendo a caricatura? Entendemos o riso que ela queria despertar quando foi feita? Esse é um documento histórico? Por quê?
No desenvolvimento do trabalho, sugere-se confrontar as especulações e hipóteses dos alunos com o texto da autora que estudou essa caricatura:
“J. Carlos criou o personagem ‘Guilherme Tela de Arame’, cujo nome nos envia a três referências distintas: a palavra ‘Tela’, aos mosquiteiros; ‘de Arame’, a uma gíria do português que significa dinheiro; e à maleabilidade do arame em analogia ao bigode bem penteado do dr. Oswaldo Cruz.
A justaposição desses dois personagens faz-se perceptível em três níveis. O primeiro nível diz respeito à sonoridade do nome do personagem histórico, ‘Guilherme Tell’. J. Carlos constrói um trocadilho batizando o dr. Oswaldo Cruz de Guilherme Tela, relacionando o nome ‘Tela’ à escolha de um aspecto constitutivo do personagem a ser trabalhado – uma especialidade dos caricaturistas – que, no caso do dr. Oswaldo Cruz, é um elemento do seu rosto, o bigode, denominado de arame. Dessa forma, chegamos à composição da alcunha ‘Guilherme Tela de Arame’. O segundo nível concerne à característica de caçador, atribuída ao representado. O caçador é o homem que dissimula sua presença até o momento em que esteja pronto para abater a caça. Ele deve confundir-se com a paisagem a sua volta. As caricaturas da época exploravam as cenas em que o dr. Oswaldo Cruz e sua brigada iam à caça dos ratos e dos mosquitos, os causadores da peste e da febre amarela, respectivamente. Os desenhistas provocam o riso dos leitores com a encenação do pânico
em face dos pequenos animais. Os caricaturistas exploram o contraste. De um lado, a pequenez dos agentes causadores das doenças e, de outro, a grande quantidade de dinheiro dispensada e o dispositivo logístico erguido para combatê-los. Um fuzil de caça traçado no desenho, mais um ponto de suspensão (sinal de pontuação indicado por três pontos) após a palavra ‘caçador’, induz o leitor à ironia intencional da mensagem. O terceiro nível situa-se no elemento cruz, símbolo que, por sua vez, nos envia a outras três referências. De imediato, o associamos ao país de origem de Guilherme Tell: a cruz figura nas armas suíças e simboliza a Cruz Vermelha Internacional, instituição que se origina em Genebra, em 1864. Em segundo plano, traçando uma referência mais abrangente, a cruz é o emblema da saúde, que aparece também nos capacetes da brigada sanitária do dr. Oswaldo Cruz. Na caricatura, a cruz surge por todos os lados: no traje, no boné, no colete, no tórax e na cintura de Guilherme Tela de Arame” (LOPES, 1999).
Nesse exercício de interpretação, é importante não esquecer a dimensão política da caricatura, já que o personagem representa uma ação do Estado brasileiro no combate à varíola, que se confronta com o universo cultural da população.
Como desdobramento da leitura da caricatura, é possível elaborar textos com os estudantes a respeito do que é uma caricatura, como interpretar caricaturas de outras épocas, o que nelas provocam o riso, como interpretar especificamente a caricatura de Oswaldo Cruz e se as caricaturas permitem estudar o passado.
Para a leitura da charge (segunda imagem), podem ser realizados questionamentos semelhantes, que instiguem os estudantes a expor seus conhecimentos prévios sobre as charges, a observar e colher informações diretamente da imagem e depois confrontar suas hipóteses com outras fontes de informação. Sugere-se, por exemplo, que sejam discutidas as características das charges, qual a intenção dos autores ao criá-las, como é importante procurar informações sobre a autoria e a época para o entendimento do “riso” proposto.
No caso da segunda imagem, é interessante abordar a relação entre o título e o desenho, como a leitura da legenda ajuda a desvendar os personagens, como a varíola e Oswaldo Cruz estão representados, por que Oswaldo Cruz aparece menor que a varíola, assim como pesquisar sobre a varíola, epidemias da doença no Brasil, a medicina na época etc. No final, é importante recuperar a questão do riso e as razões que dificultam
nosso entendimento rápido do humor de outra época.




Referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e escritora: caderno de orientação didática de História / Secretaria Municipal de Educação – São Paulo: SME / DOT, 2006.
Obra de arte
Giulio Argan (1999), um dos mais importantes estudiosos da história da arte, afirma que a pior de todas as possibilidades de análise de uma obra é julgá-la pela interpretação de seu conteúdo, ou seja, como uma representação de um objeto, um acontecimento, uma ação ou uma paisagem, e pensar que, portanto, para penetrar em seu significado, basta interpretar o que está retratado nela. Segundo o especialista, isso gera uma leitura esquemática e o desprezo à composição estética. Ele exemplifica dizendo que proceder assim
seria o mesmo que ler versos de um poema dando atenção apenas ao conteúdo comunicado, como se fosse prosa, ignorando os elementos poéticos, a sonoridade, a estrutura. Assim, pode-se deduzir que interpretar uma obra de arte depende do esforço de levar em consideração a especificidade de cada arte e as mudanças incorporadas a ela historicamente. Para analisar uma pintura, é importante saber, por exemplo, como eram
concebidas a cor e a linha em cada época, pois em cada contexto elas têm sido compreendidas de maneiras diferentes.
Quais as especificidades das artes? Na pintura, são a linha e a cor? Na música, a articulação do som da perspectiva estética? No cinema, a câmara em movimento, a edição, as múltiplas linguagens? Na fotografia, a captação do mundo em imagem? Na literatura, as palavras e a construção textual? Na dança, o movimento corporal com uma intenção estética? No teatro, a interpretação?
Para Argan, a leitura de uma obra de arte deve envolver tudo o que se vê, se ouve, se sente. Na pintura, é preciso observar os pormenores, as pinceladas, as cores, as figuras, as relações entre os elementos retratados, o todo da obra e também suas partes, mas também analisá-la como objeto, ou seja, seu tamanho, o material de que é feita, a técnica empregada etc.
Por exemplo, por convenção da época, os quadros renascentistas com temas históricos valiam mais do que pinturas retratando paisagens. Em geral, as pinturas históricas tendiam a ser de maior proporção. Assim, nesse tempo, a materialidade da obra, seu tamanho, agregava mais valor a ela do que sua qualidade estética.
Guernica, de Picasso, é um quadro com valor simbólico – de protesto contra a ação de Franco na Guerra Civil Espanhola. Desde o momento em que concebeu a pintura, o pintor transformou-a em símbolo contra a guerra e regimes autoritários. Seu grande valor é político e histórico. Segundo Argan, na análise de obras de arte, também se deve observar a dimensão dos significados simbólicos. Nesse caso, é preciso buscar na obra o valor dos signos, que se apresentam com o próprio significado (a coisa em si) e também com o significado de outra coisa que depende de sua relação com o contexto (que é necessário reconstruir). Em uma pintura, cada elemento pode ter um significado relevante – uma cor, uma pincelada, uma árvore, uma linha, o lugar onde está o objeto retratado. Por exemplo, no quadro Ressurreição de Cristo, de Piero della Francesca, qual o significado de a paisagem à direita estar verde e à esquerda parecer morta? Essas escolhas estabelecem relação com o tema da obra? Qual o efeito do estandarte, que Cristo carrega, na composição do quadro? Qual o papel das figuras dos guardiões na seqüência de campos da perspectiva?
Do ponto de vista histórico, as diferentes questões auxiliam a identificar a historicidade da obra, não somente tendo como referência a época do autor, mas fundamentalmente observando nela os diversos elementos que indicam sua temporalidade.
A obra de arte é também, em parte, fruto de uma conversa do artista com as possibilidades técnicas do momento vivido e representa um agir que se vincula às técnicas possíveis e que muitas vezes questiona o mundo que as prioriza. Um exemplo são os materiais empregados nas pinturas, criados em determinado contexto histórico. É o caso da tela e da tinta à base de óleo de linhaça, que datam do Renascimento europeu.
A qualidade do óleo, por demorar a secar, permitia ao artista trabalhar a tela por mais tempo, repintar e dar impressões de transparência e de aveludado. Em contraposição, antes da invenção, os quadros eram pintados com têmpera sobre madeira.
No ensino de História, algumas dessas questões podem ser feitas em relação à obra em estudo para auxiliar os alunos na identificação de sua dimensão histórica. Por exemplo: • como objeto: do que é feita, com quais materiais (madeira, pedra, tecido, tintas), quais suas dimensões, quais as cores empregadas;
• quanto ao estilo: pinceladas, composição, emprego das cores;

Ressurreição de Cristo, Piero della Francesca, 1450-1463 (Sansepolcro, Museu Comunal).

• quanto ao contexto social e econômico: se foi encomendada, se o custo dos materiais interferiu na obra, se foi produzida para algum fim (BAXANDALL, 1991);
• quanto ao tema: o que é retratado, os significados dos detalhes, como os detalhes compõem o todo, qual a idéia geral, quais as diferenças e as semelhanças entre os temas também retratados por outros artistas, como o tema tem sido retratado em diferentes épocas;
• quanto ao autor e sua época: quem é o autor, como se tornou artista, seu estilo e seu diálogo com a arte e com sua época, com outros artistas, idéias defendidas por ele.

Fotografia
Como o professor pode analisar fotografias historicamente com os alunos?
Vejamos uma imagem da cidade de São Paulo.

Quintais das casas da Rua da Tabatingüera, rio Tamanduateí, Vincenzo Pastore, 1910.

Sem ler a legenda, pode-se questionar: como foi feita essa imagem? O que é possível observar nela? Que lugar retrata? De que época é? São casas de moradia, de comércio? As casas são vistas de frente ou de fundo? Para que servem as escadas? O que as pessoas estão fazendo? O que são os panos estendidos?
Percebe-se que é uma fotografia preto-e-branco, que retrata casas baixas e de dois andares, uma torre de igreja, postes de luz, um rio, escadas, um barco, panos estendidos na relva, árvores, pessoas, materiais de construção etc. Uma das pessoas parece uma mulher de saia longa como no passado, segurando provavelmente um lençol, o que revela que talvez seja uma lavadeira colocando roupa para quarar. A foto foi feita de modo que se observam os quintais das casas, onde se veem árvores, roupas no varal. Entre os quintais e o rio, parece haver um muro, com escadas e um barco, indicando, talvez, o uso dele para transporte.
O estilo das casas e a roupa da mulher sugerem que a foto é de outra época, provavelmente de quase cem anos atrás. A mulher era uma lavadeira? Mas havia lavadeiras estendendo roupas em espaços públicos das cidades? Que cidade é essa com escadas dando para o rio no fundo das casas?
Para analisar a imagem historicamente, quando se esgotam as possibilidades de responder pela simples observação, é importante pesquisar a autoria, a data, a técnica, o local retratado, a intenção do fotógrafo, se outras fotos do local focam as mesmas coisas.
A legenda da fotografia informa, por exemplo, que foi feita por Vincenzo Pastore em 1910. Quem foi ele? Era um fotógrafo profissional? Em que época viveu? O que mais fotografou? Suas fotos são semelhantes ou diferentes de outras da mesma época?
Em uma pesquisa sobre a vida do fotógrafo (IMS, 1997), descobre-se que era italiano e que chegou ao Brasil na década de 1890. Manteve na cidade um estúdio fotográfico, onde produzia retratos (de casamentos, batizados, primeira comunhão), e, nas ruas e parques, fotografava a cidade e a população mais pobre (passeios de barco no rio Tamanduateí, realejo, vendedores de vassouras, de aves e verduras, engraxates). Atualmente, suas fotos pertencem ao Instituto Moreira Salles. Ao pesquisar a história da fotografia (FERREZ, 1985), sabe-se que, no século XVIII, foi inventado o que era conhecido

Câmara escura. Imagem da Encyclopédie, ou dictionnaire raisonné des sciences, des artes et des métiers, 1772.

por câmara escura (ou câmara obscura). Era um pequeno aposento com uma diminuta abertura em uma das paredes que permitia a entrada da luz através de uma lente. As pessoas que estavam dentro da câmara podiam ver a paisagem externa iluminada pelo sol projetada na parede oposta à da abertura.
A fotografia surgiu do esforço de captar e fixar as imagens projetadas em chapas metálicas revestidas de soluções de prata. Quando uma chapa preparada era posta em uma caixa escura (uma câmara escura em miniatura) e colocada diante de uma cena ou de um objeto, a forma da cena ou do objeto reproduzia-se gradualmente em sua superfície. Era necessário esperar, assim, algum tempo para que a imagem se fixasse
na chapa.
A primeira fotografia foi feita em 1826 por Nicéphore Niepce, na França. Como “filme”, ele usou uma chapa sensível de cobre e obteve uma imagem pouco nítida do telhado de uma granja. Trabalhando com Niepce, na década de 1830, Louis J. M. Daguerre passou a tratar as chapas sensíveis de cobre com vapor de mercúrio a fim de obter imagens mais nítidas. As fotos produzidas com essa técnica receberam o nome de “daguerreótipos”, em homenagem a seu inventor. Na mesma época, o inglês Fox Talbot fazia experimentos com fotos usando, como negativo, papel revestido de cloreto de prata. A grande vantagem era a possibilidade
de reproduzir várias cópias da foto comprimindo o original contra papel sensível e expondo-o à luz solar, o que não se podia fazer com os daguerreótipos. Hoje sabe-se que, no Brasil, por volta de 1833, outro francês, Hercule Florence, de maneira isolada e independente, começou a fazer experimentos de impressão com
nitrato de prata e com câmara escura na vila de São Carlos (Campinas). Segundo Boris Kossoy (2002, p. 143), seus experimentos o levaram a utilizar processos fotográficos antes da descoberta de Daguerre.
Os daguerreótipos e os papéis negativos de Talbot perduraram até 1860, quando passou a ser usada chapa de vidro quimicamente tratada como “filme”. O vidro, por ser transparente e permitir a passagem da luz, possibilitava a reprodução de cópias fotográficas claras e nítidas. Ainda no século XIX apareceu a primeira câmara Kodak. Era pequena e leve, com uma lente de foco fixo, que captava com nitidez tudo o que estava
até 2,5 metros. A colocação do filme (que passou a ser de material flexível, em rolo) era feita na fábrica e, depois de tomadas cem fotografias, a máquina era enviada ao fabricante, que revelava, copiava e entregava as fotos com a câmara novamente carregada ao proprietário. A câmara Kodak foi um sucesso na época. Foram vendidos milhares delas em todo o mundo com o slogan: “Você aperta o botão, nós fazemos o resto”.
No Brasil, a daguerreotipia foi introduzida em 1840 pelo abade Combes, capelão de um navio-escola francês, que foi o autor dos três primeiros daguerreótipos tirados no país, no Rio de Janeiro.
A família imperial ficou encantada ao ver fixadas, em nove minutos, as imagens do Rio de Janeiro. Dom Pedro II, então com apenas 14 anos, adquiriu, ainda em 1840, um aparelho por 250 mil-réis, tornando-se o primeiro brasileiro a fazer daguerreótipos. Ao longo de toda a sua vida, tirou e colecionou fotografias de parentes, amigos e paisagens do Brasil, que mais tarde, quando partiu para a Europa, doou à Biblioteca Nacional.
Entre as décadas de 1840 e 1850, profissionais e amadores adeptos da fotografia passaram a registrar as mais variadas cenas brasileiras. Muitos desses fotógrafos eram estrangeiros que haviam adquirido seus conhecimentos nos países de origem – alemães, franceses, italianos, norte-americanos, ingleses, suíços, australianos...
O mais conhecido fotógrafo da cidade de São Paulo do século XIX foi Militão Augusto de Azevedo, cujo acervo fotográfico está atualmente no Museu Paulista.
No mesmo século, o alemão Alberto Henschel registrou em fotos a cidade do Recife, Pernambuco.

Largo da Sé, Militão Augusto de Azevedo, 1860.

Já no início do século XX, São Paulo foi fotografada por profissionais como Guilherme Gaensly e Vincenzo Pastore, e o Rio de Janeiro, por Christiano Junior, Marc Ferrez e Augusto Malta. A técnica utilizada para produzir a fotografia é também importante indício para a “leitura” de sua época. No século XIX, profissionais e amadores dominavam alguns princípios de óptica para criar as fotos, enquanto hoje a simplicidade dos equipamentos libera a fotografia para qualquer usuário. Atualmente, as cores, a nitidez, a qualidade dos negativos e das lentes, as câmaras digitais expressam o desenvolvimento das técnicas empregadas na captação e reprodução de imagens.
Ao “ler” fotografias, sejam elas do século XIX ou do XXI, é fundamental lembrar que não podem ser confundidas com a realidade. São expressões de um momento específico, de técnicas de captação e reprodução, imagens construídas. Quem confunde uma foto com costumes de uma época pode cometer o engano de pensar que pessoas fotografadas em estúdios no século XIX se vestiam diariamente com roupas apertadas, bem passadas e aprumadas ou que as crianças não podiam sorrir e tinham de se comportar como pequenos adultos. No entanto, nas antigas fotografias de estúdios, por conta da técnica de captação, as pessoas precisavam ficar paralisadas por muito tempo para a imagem ser fixada. Além disso, diferentemente de hoje, quando a foto tem presença constante no dia-a-dia, no passado as pessoas costumavam se arrumar para a ocasião, porque talvez fosse a única foto que tirariam na vida.
Em 1839, Daguerre registrou uma rua de Paris em uma chapa revestida de prata. Na imagem aparecem a rua vazia, árvores, prédios, telhados e um único homem em pé. Uma pessoa que não conhece a história da fotografia poderia acreditar que a rua não tinha movimento naquele momento, o que não é verdade. A rua estava bastante movimentada, mas somente um homem (com seus sapatos sendo engraxados) permaneceu
parado tempo suficiente para ficar visível na foto, que requeria a exposição de cinco minutos (MUELLER et al., 1968).
Na análise de fotografias, é importante reconhecer que elas são recortes da realidade, criadas por um autor, com domínio de certa técnica, com determinado gosto estético, privilegiando certo ângulo, procurando dada intencionalidade e envolvendo valores, hábitos, limites e possibilidades de seu contexto de produção.

Daguerreótipo de uma rua de Paris feito por Daguerre, 1839.

Com o reconhecimento da complexidade na leitura de fotografias, o professor pode retomar a foto de Vincenzo Pastore e questionar aos alunos: qual foi seu olhar em relação à cidade? A cena retratada por ele é diferente ou semelhante ao recorte de outros fotógrafos, pintores, desenhistas, cronistas, escritores, historiadores que recontam também cenários da cidade? A foto mostra a cidade de São Paulo moderna, a cidade em crescimento? Ou privilegia a São Paulo pouco conhecida, no meio caminho entre o rural e o urbano – os fundos das casas, a lavadeira e seus lençóis, os quintais e as roupas estendidas em varais, os barcos no Tamanduateí?
Comparando as fotos de Vincenzo Pastore com as de Guilherme Gaensly, que fotografou São Paulo na mesma época, percebem-se as semelhanças e as particularidades de cada um. Ambos faziam retratos em estúdios e ao ar livre, mas, enquanto Pastore privilegiava as pessoas em seus afazeres diários na cidade, Gaensly registrava edifícios, logradouros, obras públicas e paisagens urbanas e rurais. As fotos de Gaensly trazem o bonde, a Estação da Luz, as novas casas da avenida Paulista recém-inaugurada; as de Pastore, meninos engraxates jogando bola de gude, o chão de terra, ovelhas pastando, carregadores de malas lendo jornal, vendedor de galinha tomando caldo e embebendo nele seu pão, crianças brincando no parque, o recolhimento do lixo público.
As fotografias de um e de outro possibilitam questionar a vida naquele tempo, porém outros contextos as transformam, incitando outras perguntas: que imagens de São Paulo são reproduzidas nos livros didáticos? De quais fotógrafos? De que épocas? Como a escolha de uma imagem para representar determinada época histórica também sugere valores e intencionalidades, o professor deve ficar atento ao selecionar fotos para
analisar contextos históricos em suas aulas.
A fotografia é muito mais do que uma imagem que apreende determinado lugar ou pessoa. Ela tem contribuído para ampliar as formas de expressão, comunicação, difusão de idéias e valores e expandir o conhecimento a respeito de épocas, lugares, pessoas e pensamentos. Tem sido instrumento nas situações de guerra (vigiando e espionando) e usada como propaganda política, cultural e econômica. Tem veiculado
discursos persuasivos, imagens ilusórias, modelos de comportamento, o culto a personalidades ou a eliminação de personagens do cenário político (TACCA, abr. 1995, p. 99-105). Fotos de Mao Tsé-tung, por exemplo, veiculam há anos na China a ideia de estabilidade política; fotos de Che Guevara transformaram sua imagem em ícone; Stálin eliminou de fotos opositores para indicar que caíram em desgraça na perspectiva do partido; o nazismo utilizou amplamente fotomontagens para difundir sua perspectiva de mundo; e, em diferentes momentos históricos, fotos jornalísticas converteram acontecimentos em fatos históricos, manipularam a opinião pública, desclassificaram ou valorizaram pessoas. É essa complexidade de intenções envolvidas na produção, difusão e uso que o professor deve levar em conta ao trabalhar com a “leitura” de fotografias nas aulas de História.
E você, tem analisado fotografias com seus alunos? Qual foto você já analisou? Para estudar qual contexto? Por meio de quais questões? O que os estudantes aprenderam?

Referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e escritora: caderno de orientação didática de História / Secretaria Municipal de Educação – São Paulo: SME

Imagens
A leitura de imagens (pinturas, desenhos, gravuras, fotografias, grafites, mosaicos,painéis e murais) com propósitos didáticos pode abranger a aprendizagem de diferentes formas de conhecimento: informações sobre autores, obras e épocas em que foram produzidas; reflexões conceituais instigadas pelo contato com idéias gerais; procedimentos de como questionar, ler e interpretar obras em geral, tanto do passado como
do presente; e diversos tipos de atitude, como respeito à troca de ideias e às obras de outras épocas e distintas culturas. Didaticamente, a análise de obras iconográficas pode obedecer aos seguintes passos
metodológicos, sem necessariamente esgotá-los:
1) Questionar a imagem
Promover questões para que os alunos observem, reflitam e expressem o que pensam sobre a obra em análise (sem reforço ao certo ou errado), procurando identificar o maior número de informações apenas pela observação direta: ideias que a obra expressa, figuras retratadas, detalhes que contribuem para expressar determinada ideia, estilo, lugar, época, cores, materiais utilizados para produzi-la, autor.
Nessa etapa, a ação do professor é questionar, instigar o olhar, estabelecer relações com o que os alunos já sabem e confrontar suas respostas, sem a preocupação de fornecer as informações corretas.

2) Levantar hipóteses sobre a produção da imagem
Fundação de São Vicente (1532), Benedito Calixto, 1900.
Sobre a história da pintura
Fundação de São
Vicente, de Benedito
Calixto, ver: MENESES,
1992, p. 22-4.
Verificar os conhecimentos prévios e as hipóteses dos alunos sobre: estilo, época, lugar ou cultura, quais materiais foram utilizados, quem a produziu (se não houver assinatura, determinado tipo de trabalhador, como gravurista, fotógrafo, desenhista, artífice, ou grupo), em que época foi produzida, em qual lugar, se retrata uma idéia ou figura da própria época do autor ou se é uma reconstituição histórica (ex.: um desenho de uma comunidade de sambaqui feito atualmente, mas fazendo referência ao modo de vida de 3 mil anos atrás, ou o quadro A primeira missa no Brasil, de Victor Meirelles, que retrata 1500, mas foi pintado em 1861).
Nesse momento, o professor instiga os alunos para que, mesmo que não saibam, formulem hipóteses, façam considerações, utilizem informações parciais ou proponham conjeturas.
2) Organizar idéias gerais expressas na imagem que dêem conta de sua totalidade
Um bom exercício é solicitar que os alunos criem títulos, fazendo-os relacionar detalhes em busca de uma generalização maior e instigando-os a pensar mais abstratamente.
Os de menor idade tendem, em geral, a centrar-se em emoções ou em detalhes das figuras; assim, é importante investigar quais relações e associações constroem nos títulos: “homem com lança”, “pintura na pedra”, “mulher com balaio”. Já os adolescentes são capazes de elaborar títulos mais conceituais, como “comerciante”, “trabalhador”, “escravo”.
Aqui, o professor estimula os alunos a estabelecer relações e a buscar uma síntese e, ao mesmo tempo, investiga como eles pensam, de acordo com sua maturidade cognitiva.
3) Pesquisar informações em outras fontes
Apresentar aos alunos os dados sobre a imagem (levando para a sala de aula livros que a reproduzem ou organizando os dados com base em pesquisa) para que comprovem ou não suas hipóteses, ajudando-os a compreender melhor a obra e a inseri-la em seu contexto histórico, como:
• situar a obra: autor (pode ser um indivíduo ou um grupo de trabalhadores), título, data em que foi produzida, local, tipo de imagem (pintura rupestre, mosaico, grafite, fotografia), temática, compromissos do autor com a imagem e/ou com o tema da obra, influências sobre o autor;
• descrever a imagem: processo de produção, profissionais envolvidos, materiais e técnicas empregados, existência ou não de um projeto ou esboço anterior.
Mesmo com esses dados, o professor deve manter uma posição de sempre valorizar as hipóteses dos alunos e seu modo de pensar. A idéia é que eles revejam algumas hipóteses e formulem outras, sem, contudo, viver uma situação de ter de simplesmente substituir suas reflexões anteriores pela informação já pronta, ficando com a idéia de que há “certo” ou “errado”. O que os alunos forem capazes de incorporar a seu repertório,
repensar e refletir deve ser valorizado, e o que não forem não pode ser rigidamente exigido.
4) Interpretar a imagem
Procurar seu sentido, sua função, seu objetivo, seu significado para o autor, a época em que foi feita, o que se fazia com ela, como foi preservada, qual seu significado hoje.
Aqui, o professor é novamente aquele que instiga, mas não exige um único modelo de interpretação. Provoca, questiona e confronta. Para organizar informações comuns ao grupo, pode propor a elaboração de um texto coletivo.


Referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e escritora: caderno de orientação didática de História / Secretaria Municipal de Educação – São Paulo: SME / DOT, 2006.