Imagens
A leitura de imagens
(pinturas, desenhos, gravuras, fotografias, grafites, mosaicos,painéis e
murais) com propósitos didáticos pode abranger a aprendizagem de diferentes formas
de conhecimento: informações sobre autores, obras e épocas em que foram produzidas;
reflexões conceituais instigadas pelo contato com idéias gerais; procedimentos de
como questionar, ler e interpretar obras em geral, tanto do passado como
do presente; e diversos
tipos de atitude, como respeito à troca de ideias e às obras de outras épocas e
distintas culturas. Didaticamente, a análise de obras iconográficas pode
obedecer aos seguintes passos
metodológicos, sem
necessariamente esgotá-los:
1) Questionar a imagem
Promover questões para
que os alunos observem, reflitam e expressem o que pensam sobre a obra em
análise (sem reforço ao certo ou errado), procurando identificar o maior número
de informações apenas pela observação direta: ideias que a obra expressa, figuras
retratadas, detalhes que contribuem para expressar determinada ideia, estilo,
lugar, época, cores, materiais utilizados para produzi-la, autor.
Nessa etapa, a ação do
professor é questionar, instigar o olhar, estabelecer relações com o que os
alunos já sabem e confrontar suas respostas, sem a preocupação de fornecer as
informações corretas.
2) Levantar hipóteses sobre a produção
da imagem
Fundação de São Vicente (1532),
Benedito Calixto, 1900.
Sobre a história da
pintura
Fundação de São
Vicente, de Benedito
Calixto, ver: MENESES,
1992, p. 22-4.
Verificar os
conhecimentos prévios e as hipóteses dos alunos sobre: estilo, época, lugar ou
cultura, quais materiais foram utilizados, quem a produziu (se não houver
assinatura, determinado tipo de trabalhador, como gravurista, fotógrafo,
desenhista, artífice, ou grupo), em que época foi produzida, em qual lugar, se
retrata uma idéia ou figura da própria época do autor ou se é uma
reconstituição histórica (ex.: um desenho de uma comunidade de sambaqui feito
atualmente, mas fazendo referência ao modo de vida de 3 mil anos atrás, ou o
quadro A primeira missa no
Brasil, de Victor Meirelles, que
retrata 1500, mas foi pintado em 1861).
Nesse momento, o
professor instiga os alunos para que, mesmo que não saibam, formulem hipóteses,
façam considerações, utilizem informações parciais ou proponham conjeturas.
2) Organizar idéias gerais expressas
na imagem que dêem conta de sua totalidade
Um bom exercício é
solicitar que os alunos criem títulos, fazendo-os relacionar detalhes em busca
de uma generalização maior e instigando-os a pensar mais abstratamente.
Os de menor idade tendem,
em geral, a centrar-se em emoções ou em detalhes das figuras; assim, é
importante investigar quais relações e associações constroem nos títulos: “homem
com lança”, “pintura na pedra”, “mulher com balaio”. Já os adolescentes são
capazes de elaborar títulos mais conceituais, como “comerciante”, “trabalhador”,
“escravo”.
Aqui, o professor
estimula os alunos a estabelecer relações e a buscar uma síntese e, ao mesmo
tempo, investiga como eles pensam, de acordo com sua maturidade cognitiva.
3) Pesquisar informações em outras
fontes
Apresentar aos alunos os
dados sobre a imagem (levando para a sala de aula livros que a reproduzem ou
organizando os dados com base em pesquisa) para que comprovem ou não suas
hipóteses, ajudando-os a compreender melhor a obra e a inseri-la em seu
contexto histórico, como:
• situar a obra: autor
(pode ser um indivíduo ou um grupo de trabalhadores), título, data em que foi
produzida, local, tipo de imagem (pintura rupestre, mosaico, grafite,
fotografia), temática, compromissos do autor com a imagem e/ou com o tema da
obra, influências sobre o autor;
• descrever a imagem:
processo de produção, profissionais envolvidos, materiais e técnicas
empregados, existência ou não de um projeto ou esboço anterior.
Mesmo com esses dados, o
professor deve manter uma posição de sempre valorizar as hipóteses dos alunos e
seu modo de pensar. A idéia é que eles revejam algumas hipóteses e formulem
outras, sem, contudo, viver uma situação de ter de simplesmente substituir suas
reflexões anteriores pela informação já pronta, ficando com a idéia de que há
“certo” ou “errado”. O que os alunos forem capazes de incorporar a seu
repertório,
repensar e refletir deve
ser valorizado, e o que não forem não pode ser rigidamente exigido.
4) Interpretar a imagem
Procurar seu sentido, sua
função, seu objetivo, seu significado para o autor, a época em que foi feita, o
que se fazia com ela, como foi preservada, qual seu significado hoje.
Aqui, o professor é
novamente aquele que instiga, mas não exige um único modelo de interpretação.
Provoca, questiona e confronta. Para organizar informações comuns ao grupo,
pode propor a elaboração de um texto coletivo.
Referencial de expectativas para o
desenvolvimento da competência leitora e escritora: caderno de orientação
didática de História / Secretaria Municipal de Educação – São Paulo: SME / DOT,
2006.
Através das fontes históricas o aluno é capaz de interpretar e reconstruir o conhecimento do passado. Analisando suas fontes pode conseguir elaborar novas teses e questionamentos que venham a acrescentar na busca da verdadeira história estabelecida com o tempo.
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