UMA CINDERELA CAMPONESA
Nos contos camponeses, o objeto de desejo era comida. Numa versão camponesa da história da Cinderela, conhecida como Pequena Anette, a madrasta má dá à órfã adotada apenas um pedaço de pão por dia, enquanto suas gordas filhas jantam carneiro e deixam os pratos para a irmã de criação lavar, ao voltar do trabalho nos campos.
Anette recebe da Virgem Maria uma varinha mágica que produz um magnífico banquete quando toca numa ovelha negra. Logo a menina se torna mais gorducha que suas irmãs. Sua beleza (no antigo regime, o padrão de beleza feminina era a mulher de compleição gorda) chama a atenção da madrasta, que acaba descobrindo seu segredo e mata a ovelha negra, oferecendo o fígado do animal à órfã.
Secretamente, Anette enterra o fígado, que se transforma numa árvore tão alta que ninguém consegue colher seus frutos, a não ser ela, para quem a arvore baixa seus galhos. Um príncipe guloso promete se casar com quem consiga colher algumas para ela. Anette lhe oferece as frutas e vive feliz para sempre. A camponesa ascende à nobreza, ganha privilégios e realiza outro sonho: não paga mais impostos.
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